Mais dia, menos dia

Embora difícil de digerir num ambiente social em que a transparência passou a ser item permanente nas reivindicações populares, como sinônimo de honestidade, de responsabilidade e de respeito com o cidadão no trato da Coisa Pública, a nova extensão do prazo estabelecido pela Justiça para a desocupação da praça José Antônio Flores da Cunha – ou simplesmente “pracinha dos cachorros” – deve ter sim uma fundamentação bastante plausível. Na verdade, não se conhece em detalhes o plano em desenvolvimento pela Administração Municipal para o cumprimento da exigência legal e, como se sabe, comunitária, mas sabe-se que tal estratégia tem o aval desse mesmo Poder Judiciário, como integrante e coordenador do grupo de estudos que vem direcionando as ações pela recuperação do espaço público. Não é novidade, nesse processo, a preferência da representante da Justiça em que as ações definidas pelo grupo permaneçam sob conhecimento restríto do próprio grupo. É compreensível a reação negativa daqueles que defendem maior objetividade na remoção dos camelôs – a maioria agora transformada em “empreendedor individual” – e na devolução do nobre espaço sobre a linha imaginária que divide/une Livramento e Rivera para a sociedade, para os turistas, para a população das duas cidades. Porém, ainda que de difícil digestão, como já se disse, esse modo de agir tem como fim o desenvolvimento de ação eficaz, devidamente isolado das discussões o viés meramente político. Obviamente que o filtro político como orientador administrativo e social é importante, mas não o oportunismo que muito mais atrapalha do que ajuda. Já houve manifestações diversas sobre os mais diferentes aspectos que envolvem a medida exigida pela Justiça – e entre elas destaca-se principalmente a questão do trabalho para as dezenas de famílias que vivem ou simplesmente sobrevivem da atividade de camelô. Também, é preponderante a preocupação com a necessidade de que a praça volte a ser praça e que possa ser usada igualmente por todos os cidadãos, e não apenas por um pequeno grupo protegido pela preocupação social com a falta de empregos. Ou seja: ambos os lados estão contemplados na ação do grupo de estudos do caso. Quer dizer que, apesar de ter novamente sido postergado o prazo para cumprimento da determinação judicial, a comunidade precisa um pouquinho mais de paciência. Certamente, mais cedo ou mais tarde, a vontade popular vai prevalecer.

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