O crack review

Notícia de sábado à tarde: no Congresso norte-americano o foco não é tão somente guerra ou assuntos políticos em torno de Barack Obama. O crack – uma das drogas de rua mais incidenciais das Américas – preocupa os congressistas, tanto quanto a cocaína, e fez com que fosse iniciada uma ação com nome provisório de Drugs ou Dopes Review. Envolve todo o sistema, desde o melhoramento das polícias de fronteira com equipamentos (como scanners), até o tratamento e acolhimento. É que o crack, bem como outras drogas mais baratas, atingiu, nos últimos 35 anos, proporções inesperadas.
O foco dos americanos é no combate mais eficiente ao tráfico em primeiro lugar, investimento no controle e no tratamento médico para dependentes e familiares. Basicamente, é isso.
O Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína e derivados, atrás apenas dos Estados Unidos, de acordo com o segundo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e divulgado no início deste mês. O estudo mostra que o país responde, hoje, por 20% do mercado mundial da droga.
Os dados indicam que ao todo, mais de 6 milhões de brasileiros já experimentaram cocaína ou derivados ao longo da vida. Desse grupo, 2 milhões fumaram crack, óxi ou merla alguma vez, e 1 milhão foram usuários de alguma dessas três drogas no último ano. A presença da cocaína se mostrou três vezes maior nas áreas urbanas, com principal incidência no Sudeste – 46% dos usuários, ou 1,4 milhão de pessoas. Depois vêm o Nordeste (27%), o Norte e o Centro-Oeste (10% cada) e o Sul (7%).
Fica evidenciado que a luta contra o crack, tanto lá, quanto aqui, é inglória, pois qualquer que seja a política federal, estadual ou municipal, não tem dado certo. Não previne e é insuficiente para tratar.
Bloquear o trabalho dos traficantes, até negociando dipolomaticamente com os países produtores de cocaína a eliminação de boa parte de suas plantações, recrudescendo o policiamento nas fronteiras e aumentando as penas para o tráfico de drogas, podem ser algumas saídas.
Os dados, as informações, as sugestões, as propostas estão aí. Isso na escala macro, mas perceba o leitor que o crack – assim como outras drogas – estão aqui em Livramento, gerando danos.
Estão nas ruas. Nas casas. Como o Alemão (Raul Seixas), uma vítima que há poucos dias, que, alucinado, quebrou uma vitrina na Andradas, entre outras ações e atitudes que são inadequadas, atribuíveis à condição mensal a que a droga relega.
Diante de tudo o que vem sendo registrado, fica evidente um elemento crucial: cabe à família (como um todo) impedir o primeiro uso – custe o que custar – de seu jovem. Se não, não há retorno.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.