Cigarros com aroma com os dias contados

Supremo Tribunal Federal avalia restrição feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária que proíbe a venda do produto

Tanto os cigarros convencionais, quantos os com aromatizadores, são prejudiciais à saúde, adverte a Organização Mundial da Saúde. Mas, caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF) decidir, em pauta para hoje, se continua suspensa uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), contrária à produção e à venda de cigarros com sabor artificial no País. O tabagismo mata cerca de 200 mil brasileiros a cada ano, segundo pesquisa recente da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

De acordo com o Ministério da Saúde, os homens ainda fumam mais do que as mulheres (18,1% contra 12%). Mas, entre os que se declaram ex-fumantes, eles já são mais numerosos. O percentual de ex-fumantes é maior do que o de fumantes (22% contra 14,8%). De acordo com o Ministério da Saúde, a queda do consumo do tabaco foi constatada em todas as faixas etárias, independentemente do grau de escolaridade. Os dados mostram, também, que 11,8% dos brasileiros são fumantes passivos em casa, e 12,2% no trabalho.

De acordo com o médico pneumologista Tiago Lopes, “a entrada de 80% dos fumantes brasileiros no mundo do tabaco ocorre na juventude. Restringir a venda de cigarros aromatizados cria uma barreira para crianças e adolescentes iniciarem com o vício, porque a experimentação do tabaco geralmente não é boa, pelo gosto e por uma certa aspereza que causa em quem não é fumante. E o adulto já se adaptou a esse gosto. No tabaco com aromatizante o gosto é diferente, o que acaba induzindo os mais jovens a iniciarem no vício”, orientou o médico.

Carlos Prado, de 57 anos, fumante há 18 anos, diz que é a favor que o STF proíba a venda do tabaco com aromas. “O cigarro com aromatizantes influencia e induz os jovens a iniciarem o vício, pois o cheiro e o gosto agradável são como um atrativo. Os mais jovens não estão tão preocupados com a saúde e não têm consciência dos malefícios que o cigarro causa ao ser humano. O cigarro com sabor aguça ainda mais a curiosidade de quem ainda não experimentou o convencional. Eu fumo e aconselho para quem não fume que não comece com o vício”, alertou.

Sergio Forischi, 58 anos

A consideração do comerciante Sérgio Forischi, de 58 anos, fumante há 40, não é diferente. “Eu fumo ano sim, e ano não, pois não consigo sair do vício. Sei dos malefícios do cigarro e aconselho aos jovens que não comecem a fumar, principalmente os meninos, pois acredito que se sentem mais homens fumando. Em relação ao cigarro com aromatizador, acho que influência, sim, pelo sabor e cheiro agradável”, declarou.

O diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, definiu, no dia 20 deste mês, em Washington (EUA), uma estratégia de cooperação com o Centro de Produtos de Tabaco (CPT) da agência norte-americana de regulação de alimentos e medicamentos (Food and Drug Administration – FDA). O encontro com o diretor Mitchell Zeller teve por objetivo a definição da linha de trabalho conjunta que será adotada entre as duas agências, sobre o tema. Na ocasião, foi reafirmado o apoio político e a disponibilidade técnica em estreitar cada vez mais os laços entre as duas agências, em especial no tema de controle do tabaco. O acordo faz parte da iniciativa internacional da Organização Mundial de Saúde (OMS) de reduzir o consumo do produto, principalmente entre a população jovem.

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