A incrível “importação” de cubanos

Declaro, desde logo, para que não haja questionamentos de ordem ideológica: nada tenho contra a vinda de médicos estrangeiros para suprir nossas eventuais dificuldades de assistência em lugares longínquos e pouco atrativos aos profissionais do nosso país.

E reconheço que a falta de estrutura de certas unidades de saúde e as carências de pequenos municípios são a principal razão desse desinteresse.

As experiências de intercâmbio cultural e científico são sempre positivas. Idas e vindas de profissionais de diferentes áreas são frutíferas.

Portanto, se estamos estimulando a chegada de médicos da Espanha, de Portugal, da Argentina, do Uruguai e de outros países, isso pode ser extremamente útil para a evolução da forma de atendimento a populações mais necessitadas, como poderia ser o propósito desse “Mais médicos” implantado às pressas, depois dos protestos de junho nas ruas do Brasil.

Mas eis que de repente, não mais do que de repente, ou quem sabe bem mais do que de repente, aportam ao nosso país, aos magotes, milhares de médicos cubanos.

Declaro também nada ter contra eles, afinal são seres humanos, têm suas aspirações, ainda que mínimas.

Mas essa realidade me remete aos tempos em que atuei no Ministério do Trabalho e as antenas dos inspetores estavam voltadas para duas questões essenciais: as cooperativas de trabalho, algumas delas constituídas para driblar direitos de trabalhadores e o trabalho escravo, existente em especial nas plantações de acácia.

Com o apoio de sindicatos de trabalhadores, os profissionais do Trabalho faziam com que os direitos trabalhistas de cada categoria fossem preservados com absoluta essencialidade.

Espanta-me, por isso, que eu esteja a assistir a algo absolutamente inimaginável há muito pouco tempo: o governo do meu país a validar um contrato de importação de mão de obra indigno, em que os empregados, no caso os médicos, não tem carteira de trabalho, não tem INSS, não tem Fundo de Garantia, não possuem aqueles direitos mínimos assegurados ao mais humilde dos trabalhadores de qualquer categoria profissional.

Onde estão os sindicatos e as centrais sindicais de trabalhadores, sempre tão ciosos na defesa de interesses corporativos? Não ouvi um protesto sequer da CUT ou da CGT contra esse comportamento do governo brasileiro.

E o Ministério do Trabalho e seus agentes como vão se comportar diante dessa insanidade?

E a Justiça do Trabalho, o que haverá ela de dizer?

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Até agora não foi revelado o valor exato que o governo de Cuba vai repassar a esses médicos. A última notícia que li informa que será algo como 7% dos R$ 10.000,00 que o Brasil vai depositar – por cabeça – nos cofres do governo cubano.
Trata-se de um fantástico retrocesso, nunca pensado pelo mais ardoroso defensor de um regime escravagista.

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