Dependência!

Sant’Ana do Livramento, no lado brasileiro, e Rivera, no lado uruguaio, se confundem, mesmo. Os fronteiriços sabem que quando uma economia está bem, a outra está aquém; quando a outra melhora, uma recai. É assim, historicamente. Ontem, por exemplo, era recorrente o questionamento sobre a ausência dos ônibus e vans de compristas, os turistas do bate-volta que passam uma manhã, ou manhã e tarde, na Fronteira para compras em Rivera, nos free shops, com a finalidade de obter mercadorias para revender em suas cidades de origem.

Detalhe: o dólar subiu. Deu uma disparada daquelas.

Durante vários anos, ecoava, em vão, o alerta: quando o dólar subir, os turistas vão sumir. Talvez não seja exatamente isso o que ocorreu na última sexta-feira, porém, é preciso levar isso em consideração.

Da mesma forma, alertas foram feitos, nos anos a fio em que o turismo de compras de Rivera era de multidões: que Livramento se preparasse para obter algum ganho, que alguns desses dólares fossem deixados por aqui.

Mas, Livramento não fez seu dever de casa.

Recém agora, começa pelo básico, integrando-se com Rivera, em que pese a cidade ainda estar suja, com iluminação parca e sem pintura que gere seu embelezamento. Em que pese os canteiros ainda não serem belos em plantas e flores, como gostaria uma maioria de locais, residentes.

A prática de integração preconizada pelo Mercosul é aqui uma realidade há muito tempo. No dia a dia. Mas é incrível que não são todos os santanenses que conhecem bem Rivera e vice-versa. Especialmente no que tange a opções de lazer, entretenimento e turismo, efetivamente.

Com cerca de 200 mil habitantes, as duas cidades são, na realidade, uma cidade só, divididas apenas virtualmente por uma linha imaginária, cortada por uma rua. Entretanto, não ocorreram avanços em termos de políticas conjuntas para investimento e geração de emprego e renda em turismo.

Claro, hotelaria e serviços faturaram e muito bem nesse período de vacas gordas. Mas e agora?

Os próprios santanenses e riverenses precisariam, antes de mais nada, saber que existem opções de turismo interessantes, a começar pela própria paisagem fronteiriça e por se estar em um ponto característico do pampa gaúcho, pelas construções antigas, pela disposição geográfica, pela topografia, enfim. Além dos free shops de Rivera, as principais atrações são as vinícolas e o turismo rural das propriedades que atuam nesse segmento, mas é preciso agregar ainda mais valor ao que há, mas antes de chegar a isso, é preciso, é fundamental informação, entre os próprios fronteiriços para que possam informar os visitantes, caso retornem.

Até o próximo movimento do dólar, dá tempo de começar a fazer o dever de casa.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.