NAMORO PERIGOSO

O jovem brasileiro David Miranda é namorado do jornalista americano Glenn Greenwald, correspondente do jornal britânico The Guardian, e, por isso mesmo, foi retido no Aeroporto de Heathrow, em Londres, domingo passado. A polícia inglesa queria saber o que David fora fazer na Europa já que o seu namorado mora no Brasil e daqui é que Greenwald envia suas reportagens sobre as informações que lhe foram transmitidas pelo ex-agente da NSA Edward Snowden, considerado um traidor pelo governo dos EUA.

Os britânicos não cometeram qualquer arbitrariedade contra o namorador brasileiro e foram rigorosamente – digamos – britânicos no cumprimento da lei de Combate ao Terrorismo. A lei permite que autoridades interroguem por até nove horas qualquer pessoa que levante a mínima suspeita de alguma ação que facilite atos terroristas. David ficou retido no aeroporto pelo tempo exato de 8 horas e 55 minutos!

Os britânicos são parceiros dos EUA na luta antiterror e em outras áreas ligadas à segurança nacional dos dois países e, consequentemente, trocam informações a todo o momento. Então, vamos seguir um raciocínio lógico: se Edward Snowden é considerado um inimigo do governo americano e está asilado na Rússia com medo de ser preso por ser um arquivo vivo de assuntos da segurança nacional dos EUA, fica lógico que tudo ligado a ele é do interesse do governo Obama.

Como o jornalista Glenn Greenwald é o divulgador dos segredos da área de informações dos EUA por ser confidente de Snowden também é óbvio que suas ligações são importantes para os britânicos já que tais informações são publicadas no jornal londrino.

É aí que entra no contexto o brasileiro David Miranda que priva da intimidade do jornalista dividindo o mesmo teto e os mesmos lençóis. Os britânicos queriam saber o que Miranda fora fazer na Alemanha, depois de ter se encontrado com a documentarista Laura Poitras. Laura acompanhou o jornalista Greenwald em Hong Kong quando o ex-agente Snowden lhe passou os dados sobre a espionagem americana.

Os britânicos sabiam que a viagem do brasileiro à Alemanha fora financiada pelo jornal The Guardian e que David Miranda poderia ser um pombo-correio levando informações para uma checagem por parte de Laura Poitras e trazendo outras fornecidas por Snowden. O correspondente do jornal londrino foi quem informou a missão de seu namorado quando protestou pela sua prisão.

A polícia inglesa reteve celular, notebook, câmera, cartões de memória, DVDs em poder de David Miranda, tudo dentro da lei, quer queiram quer não queiram as autoridades brasileiras e os simpatizantes da causa, entre estes os terroristas internacionais.

Quando David Miranda chegou ao Brasil, depois do incidente no aeroporto, foi logo dizendo que fora preso por ser brasileiro, num acesso de vitimismo em busca de uma justificativa por sua atividade de colaboração com o trabalho do seu namorado.

David Miranda foi retido, interrogado e com equipagem confiscada não por ser brasileiro, mas por ser suspeito de colaborar com alguém que, no entendimento das autoridades britânicas, exerce atividades que prejudicam as relações de amizade dosdos

EUA com a Grã-Bretanha.

Trata-se, portanto, de um namoro que antes era apenas uma relação afetiva e que se transformou numa ação perigosa num mundo tão conturbado por tentativas de desestabilização de governos que combatem o terrorismo internacional.e não podem tolerar qualquer suspeita de agressão às duas nações, por menor que seja.

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