AS FALAS DO PAPA

Em 24 horas, o papa Francisco concedeu duas longas entrevistas e aí sim não deixou nenhum tema de lado, comportamento que ele adotou nos seus pronunciamentos oficiais enquanto esteve cumprindo seu roteiro no Brasil.

Com o repórter da Globo, o papa falou sobre os escândalos no Vaticano até por que ele só passou a fazer parte da Cúria Romana, como seu chefe supremo, por ocasião de sua escolha. Antes, a vida dele estava restrita ao seu trabalho pastoral na Argentina.

“Belo favor faz esse senhor (o bispo envolvido num escândalo financeiro) à Igreja, não é mesmo?” – disse o papa referindo-se ao bispo Nunzio Scarano, responsável pelo serviço de contabilidade da Administração do Patrimônio da Sede Apostólica (APSA), o órgão que administra o imenso capital imobiliário do Vaticano.

Já na volta para a Itália, em pleno vôo, o papa conversou mais de uma hora com os jornalistas que acompanharam o seu trajeto no Brasil. E falou, mais uma vez, abertamente sobre questões polêmicas para a Igreja como a questão gay.

Respondendo a uma pergunta sobre lobby gay no Vaticano, Francisco disse: “Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-la? O catecismo da Igreja católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados, mas integrados à sociedade”.

O papa foi bem claro. Ele não concorda com os lobbies, sejam eles sobre qualquer assunto. “O problema não é ter uma tendência gay. Não! Devemos ser como irmãos. O problema é fazer lobby: o lobby dos avaros, o lobby dos políticos, o lobby dos maçons, tantos lobbies. Esse é o pior problema”.

E por que o papa não tratou do casamento gay nem do aborto, no Brasil? Francisco explicou o motivo: “A Igreja já se expressou perfeitamente sobre isso. Não era necessário falar sobre esses temas. Eu também não falei sobre roubo, ou sobre a mentira. Em relação ao aborto, a Igreja tem uma doutrina clara. Os jovens sabem perfeitamente qual a posição da Igreja. Queria uma fala positiva no Brasil, que abre caminho aos jovens.”

A MALA DO PAPA

E aquela maleta que o papa carregava? Tinha algum segredo de Estado? Resposta: “Não tinha a chave da bomba atômica dentro da mala. Eu sempre fiz isso. Quando viajo, levo minhas coisas. Tenho um barbeador, o livro da Liturgia das Horas, uma agenda e um livro para ler. O livro é sobre Santa Terezinha. Sou devoto de Santa Terezinha. Eu sempre carreguei minha maleta. Acho isso absolutamente normal”.

LIBERDADE RESTRITA

“Eu gostaria de poder andar pelas ruas de Roma. Eu era um padre da rua. Os seguranças do Vaticano têm sido bons comigo. Agora, me deixaram fazer algumas coisas a mais. Mas entendo que não posso andar pelas ruas”.

O DIVÓRCIO

O que era condenado sem meias palavras pelo Vaticano – o divórcio – já merece um reexame e o papa explicou como: “Um dos temas que deverão ser discutidos na comissão de oito cardeais que criei há alguns meses é como ir adiante na pastoral matrimonial. Esse será um dos assuntos do próximo sínodo”

A MULHER NA IGREJA

“A questão da ordenação das mulheres é um assunto de portas fechadas. A Igreja diz não. No entanto, acredito que a mulher deve ter papéis mais importantes na Igreja. Uma Igreja sem as mulheres é como o Colégio Apostólico sem Maria. A mulher ajuda a Igreja a crescer. E pensar que Nossa Senhora é mais importante do que os apóstolos! Até agora, no entanto, não fizemos uma teologia profunda sobre a mulher”.

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