Resgate Solidário é realizado na Fronteira pelo grupo Renascer

Projeto visa amenizar o frio sentido na pele por aqueles que mais necessitam

Voluntárias preparando a sopa


Forma como são embaladas as sopas

A frente fria que chegou à região, dias atrás, fez os santanenses tirarem todos os casacos e cobertores do armário, além de procurar outras maneiras para se aquecer, como lareiras, aquecedores, fogões a lenha, ou até mesmo com o bom chocolate quente. Porém, uma pequena parcela da população não tem muito o que fazer para não “congelar” nesses dias frios. Com os termômetros chegando perto do zero, e a sensação térmica ficando bem abaixo disso, são os moradores de rua, pessoas que vivem em praças e calçadas, os que mais sofrem nessa época do ano.

Pensando nisso, o coordenador da Comunidade Terapêutica Renascer – espaço destinado ao tratamento de dependentes químicos – Mauricio de Oliveira, resolveu criar um grupo para realizar uma ação social para ajudar a população mais carente da Fronteira. 

Resgate Solidário 

Mauricio de Oliveira, coordenador da Comunidade Terapêutica Renascer e idealizador do projeto Resgate Solidário, realizando entrega da sopa

A ação começou a ser realizada este ano, em junho, e foi batizada com o nome de “Resgate Solidário”. “A princípio, o objetivo da atividade era levar roupas e alimento para os adictos (dependentes químicos). Hoje em dia, oferecemos ajuda a todos os moradores de rua, além de realizar o Resgate nas vilas”, enfatizou Mauricio. Ainda segundo ele, é divulgado com antecedência o dia em que o grupo vai estar em determinada vila, para que as famílias de baixa renda e que tenham a necessidade de roupas, possam desfrutar da ação, ou até mesmo para pegar a sopa, que também é distribuída nas vilas. As ações são feitas quase que diariamente: o grupo sai, geralmente, à meia-noite e faz as doações até as 4h. 

Dezenas de pessoas abordadas 

De acordo com Mauricio, diversas pessoas são abordadas a cada noite – pessoas que dormem no chão, em cima de cartões, com poucos cobertores ou até mesmo sem dispor de nenhuma coberta, correndo o risco de uma hipotermia. “A maioria das pessoas abordadas aceita o acolhimento sem problemas. Às vezes, nos deparamos com andarilhos de fora da cidade, mas eles sempre aceitaram a ajuda. Não estamos oferecendo esmolas, mas sim roupas limpas e dignas de uso, além de uma sopa quente”, relatou. Ele disse, ainda, que na Rua Argemiro Simões, onde foram realizar o trabalho solidário, foram entregues sessenta refeições para as famílias mais carentes do local. “Nos atrasamos um pouco e acabamos chegando mais tarde, no entanto, um fato nos emocionou muito: mesmo com horas de atraso, diversas pessoas estavam nos esperando na Argemiro, entre elas crianças e idosos”, desabafou.

Mesmo com o frio, há quem prefira a rua

Integrantes do Grupo Resgate Solidário

O coordenador destacou que muitas pessoas não são moradores de rua, mas vivem nessa situação. Mauricio tem constatado que muitas pessoas, mesmo diante de uma temperatura quase abaixo de zero, preferem as vias públicas da cidade, e muitos alegam estar acostumados com o frio.

A família está crescendo

Há duas semanas, novos integrantes se dispuseram a participar do grupo. “São pessoas que têm um único objetivo: ‘fazer o bem sem olhar a quem’, e por esse motivo cada dia que passa e a cada ação realizada, nos sentimos imensamente mais realizados, e ficamos felizes por saber que ainda existem pessoas que amam o próximo”, afirmou Mauricio. Ele completou dizendo que muitas pessoas têm o conhecimento do projeto através da rede social Facebook, e aderem à ideia.

A ação já é realizada há um ano

Crianças e adultos fazem fila para receber agasalhos e o alimento

De acordo com Mauricio, a ação solidária vem sendo realizada há um ano. No entanto, existe o diferencial de que este é o primeiro ano no qual a ação tem a participação da comunidade. “Tivemos outra visão este ano, a de agregar voluntários, o que tem dado muito certo”, frisou o coordenador. Ele destacou, ainda, que a assistente social do município, Isabel Torres, os acompanhou na penúltima ação realizada pelo grupo, e se dispôs a sair mais vezes para a prática da solidariedade no município.

Depoimento emocionado de Mauricio

“Diversas pessoas chegam até nos para desabafar, falar de seus problemas. Eu me lembro de um rapaz que disse: ‘Mano, eu tenho filho e sou viciado em crack’, ele tem mulher e o filho dele é um bebê de menos de um ano. São pessoas que precisam de ajuda, mas que, muitas vezes, não têm a quem recorrer. Esse foi só um dos muitos casos de usuários de drogas que pede ajuda. Teve um outro que disse: ‘Moro na Argemiro Simões e por esse motivo não arrumo trabalho’. Ele explicou que quando vai se apresentar para uma vaga de emprego e fala onde mora, o pessoal já age diferente, com um certo preconceito. Eu solicitei, inclusive no meu Facebook, que parássemos de chamar o aquele lugar de Cracolândia, pois isso prejudica os moradores”.

DOAÇÕES

O Grupo Renascer “Resgate Solidário” conta com a ajuda da comunidade fronteiriça para continuar realizando a ação, através de doações de agasalhos para pessoas de ambos os gêneros, crianças e adultos, além dos ingredientes da sopa. Para fazer a doação, basta entrar em contato pelos telefones (55) 3244 – 1664 ou (55) 9904 – 4285, falar com Mauricio ou Rosi, ou no endereço Rua Duque de Caxias, 673.

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