O artesanato em lã da Fronteira

A tradição se mantém através da habilidade dos artesãos

Aqui, em Sant’Ana do Livramento, a lã de ovelha é a principal matéria-prima para a confecção de diversas peças do vestuário e de itens indispensáveis para a montaria dos cavalos. E para chamar a atenção dos turistas, os artesãos aproveitam até as margens da BR-158 para expor e vender os produtos.

Os tapetes de couro, confeccionados pelo artesão Derli, também têm clientela garantida

Mas, antes de falarmos sobre a grande variedade de produtos confeccionados pelos artesãos da cidade, vamos até ao campo, de onde sai a matéria-prima para o trabalho deles.

É nos campos de Sant’Ana do Livramento, fronteira do Brasil com o Uruguai, onde está o maior rebanho de ovinos do Rio Grande do Sul. São mais de 400 mil cabeças.

No interior do município, o produtor, Cláudio Arteche, cria a raça holandesa texel, que embora seja especializada na produção de carne, também oferece uma boa quantidade de lã, que ele comercializa na cidade. Além disso, é uma raça rústica adequada para a criação em sistema extensivo e semi-extensivo. Com cerca de 800 cabeças, ele pretende continuar investindo no setor. “Fazer o manejo com as ovelhas dá trabalho, mas ainda continua sendo vantajoso investir no setor e o mercado de carne de cordeiro também está em expansão no País”, avalia o ovinocultor. 

 

Do campo para a cidade 

A lã de ovelha é usada pelos artesãos para confeccionar ponchos, cobertores, mantas, os chergões, que são usados na encilha do cavalo, e pelegos. As peças formam um varal às margens da BR-158, principal acesso a Sant’Ana do Livramento, e por onde passam os milhares de turistas que visitam a Fronteira.

Ângela: se dedica ao artesanato em lã há 25 anos

O artesanato em lã garante renda e trabalho para muita gente e ajuda no desenvolvimento econômico do município. Para a artesã, Ângela Galvão Rodrigues, a procura por essas peças é muito grande. E o negócio está prosperando tanto que ela já terceirizou parte do serviço e ainda conseguiu destinar um espaço da casa para montar uma lojinha para vender os produtos.
As peças são confeccionadas no quintal da casa, onde Ângela tem a oficina de tecelagem. Além dela, trabalham mais duas pessoas da família e outros três artesãos, que confeccionam 30 tipos diferentes de peças. E tudo, claro, é feito com a lã de ovelha. “O produto que mais vendo e que os turistas procuram é o chergão, que é uma peça fundamental para a encilha do cavalo. E como moramos na região do pampa, temos muitos cavaleiros, desfiles. Eu tenho uma clientela muito boa nas correarias e agropecuárias, e trabalho de janeiro a janeiro. Eu fazia 50 chergões por mês, agora estou vendendo 50 peças por semana”, comemora a artesã.

A dona de casa Adriana Menezes da Silva, de Rosário do Sul, visitou a Fronteira e aproveitou para comprar dois “pufs” – que são banquinhos encapados com couro ou plástico – e um tapete de couro. “As peças têm um bom acabamento e vale a pena levar alguma coisa”, diz ela.
Ainda na BR-158, encontramos também o artesão, Derli da Silva Galvão, de 69 anos, e que há 30 também trabalha com lã e couro. Para Galvão, que conta com a ajuda da mulher, a artesã Delci Cavalcanti Pires, de 63 anos, o mercado existe e a clientela é grande para comprar o artesanato que ele faz. Além das variadas peças de lã, ele confecciona tapetes de couro de vaca, feitos com retalhos comprados no município de Farroupilha, na Região da Serra.

A marcenaria como emprego

A grande variedade de produtos atrai os turistas que visitam a cidade

E para quem gosta de produtos feitos de madeira, eles também podem ser encontrados às margens da rodovia. O trabalho de marcenaria surgiu para mudar e dar um outro rumo para a vida de Rafael Carpes Alves. Ele também aproveita a BR-158 como vitrine para expor os produtos que faz.
A matéria-prima é o eucalipto. Com a madeira, ele faz mesas, cadeiras, banquinhos e “pufs”. As cadeiras, que custam entre R$ 10,00 e R$ 15,00, é o que mais os turistas compram. Os “pufs” custam R$ 35,00. São vendidas entre 150 a 200 unidades por mês. E as mesas variam de R$ 20,00 a R$ 25,00.
Alves conta que a marcenaria foi a solução para resolver um grande problema que ele enfrentava há anos. “Há 5 anos, eu estava desempregado, e aí comecei a fazer cadeira, e fui ampliando com mesa, bancas e há 2 anos comecei com os “pufs” e acabou dando certo. Dá para se manter, e a ideia é ampliar com mais variedade de produtos”, planeja ele.

 

Se você ficou interessado em comprar algum produto confira os preços:

Cobertor: de R$ 100 a R$ 140,00

Chergão: de R$ 30,00 a R$ 35,00

Luva: de R$ 18,00 a R$ 20,00

Manta: de R$ 40,00 a R$ 50,00

Mala de garupa (bolsa levada

no lombo do cavalo): R$ 23,00

Pala: R$ 130,00 a R$ 150,00

Pelego: R$ R$ 60,00 a R$ 70,00

Tapete de couro: R$ 210,00 A R$ 240,00

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