Um tempo de muitas emoções

Nenhum jornalista, sociólogo, cientista político, entendido em redes sociais, ou qualquer outro estudioso, ninguém foi capaz de prever a explosão das ruas no histórico junho de 2013 no Brasil.
E vejo extremo cuidado de todos em projetar o futuro, porque são muitas as variáveis, e os caminhos estão sujeitos a ações desconhecidas dos que protestam e daqueles que governam, a maioria destes ainda estupefatos. Ao que se informa, a presidente Dilma Rousseff mandou um recado a seus ministros: que parem de se dizer perplexos e que trabalhem, apesar de ela também continuar aturdida.

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Se o mês de junho passa à história por tudo o que ocorreu, o segundo semestre do ano inicia com a promessa de muitas emoções, diante de tantas incertezas.
Nesta terça-feira, o governo encaminhou ao Congresso suas “sugestões” de temas a serem incluídos no plebiscito para uma reforma política, pretendido para os próximos meses, apesar de o TSE, no mesmo dia, ter exposto sérios óbices à ideia.
É a primeira ação objetiva da presidente da República, porque os cinco pactos iniciais por ela propostos a governadores e prefeitos, há uma semana, não passam de boas intenções de melhor governar e o projeto de uma constituinte exclusiva esboroou-se em menos de 24 horas.
Reforma política, assim como tantas outras – tributária, fiscal, previdenciária – são essenciais para o país.
Mas não é exatamente isso o que o povo exigiu nas ruas. Ao falar de política, os manifestantes querem mudanças, sim. Mas mudanças essenciais de postura, de caráter, e de comportamento dos políticos.
Faz bem à política o fim do voto secreto nas votações do Congresso e o fim dos suplentes de senadores, conforme sugeridos. Mas a população quer muito mais: quer o fim dos privilégios, das barganhas, dos conchavos, da roubalheira e da corrupção. Quer os “mensaleiros” condenados na cadeia.
O povo foi às ruas para que não se repitam os Renan Calheiros. E, no entanto, ele é quem está lá, no comando do Congresso, a dar boas vindas, porque “muito bem vindas”, conforme disse, as sugestões da presidente.
Isso pode ser uma bofetada a mais nos rostos bem intencionados dos manifestantes.
E pode custar muito caro.

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Os resultados das últimas pesquisas, com a arrasadora queda de prestígio dos governantes em geral, provoca especulações inevitáveis sobre o rumo das candidaturas à sucessão presidencial.
Dois nomes cresceram nas últimas horas: Joaquim Barbosa e Luiz Inácio Lula da Silva.
Barbosa é uma aspiração de muitos brasileiros que vêem nele um símbolo do combate à corrupção, pelas mostras que deu no julgamento do “mensalão”.
A volta de Lula, mesmo que ele a negue, parece ser uma aposta cada vez mais real dos petistas insatisfeitos com a atuação de Dilma Rousseff.
Sim, vamos ter pela frente tempos tumultuados e de muita emoção.

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