O novo Brasil

A presença da população brasileira nas ruas em centenas de manifestações contra a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 37/2011, chamada PEC 37 – que limitaria o poder de investigação criminal do Ministério Público -, foi imprescindível para a rejeição da proposta. Isso é tácito. A derrubada é considerada uma vitória do povo brasileiro. Se a votação fosse há 15 dias, com certeza seria aprovada. A vitória é uma vitória do povo que foi às ruas. Foi por causa da presença da população nas ruas, exigindo a derrota da PEC 37, que os deputados a sepultaram. Não fosse isso, ela fatalmente seria aprovada, pelo menos é essa uma das conclusões que vem se propagando na internet nas últimas horas. A PEC 37 foi rejeitada no plenário da Câmara por 430 votos a 9. O texto será arquivado.

A PEC é um exemplo. Antes dela, as passagens com preços reduzidos em algumas capitais, em que foram as manifestações que forçaram para baixo os valores, exigindo que os detentores de mandatos eletivos fizessem reuniões às pressas para reduzir ou mesmo para não aumentar.

O Brasil, há muitas décadas, não registrava manifestações populares de tamanha amplitude como as que ocorreram de Norte ao Sul, haja vista que o País foi sacudido pelo movimento contra o aumento das tarifas de transporte, e logo depois, por expressões públicas de protestos em relação a uma série de outras reivindicações.

Exceto os crimes, estabelecidos nos saques e atos de vandalismos de alguns oportunistas, a marca maior dos protestos é que o brasileiro está, sim, interessado na política e nas questões sociais, conforme avaliam os analistas e cientistas políticos. E não é sem tempo.

O povo cansou. Das promessas. Da falácia. Dos discursos articulados

Quer o cumprimento pleno do dito: o poder emana do povo e em seu nome será exercido.

A questão de fazer subir as tarifas dos transportes públicos foi o último pinto no balde de insatisfação. Foi o fim. O basta à corrupção e o superfaturamento de obras para a Copa. Está claro que o cidadão está querendo mesmo é educação, saúde e transporte público.

O clamor da população deixa claro que este é um passo histórico, momento para que especialmente os agentes públicos repensem a estrutura política, que dá claros sinais de que já foi superada. Chega como uma das elencadas prioridade a reforma política com a participação popular, aproveitando o clamor das ruas para reaproximar o povo brasileiro de seus representantes, haja vista que estes foram os que afastaram-se.

Diversos assuntos precisam ser revistos, avaliados, analisados, especialmente no que tange a combater a corrupção, as vigarices, a má política, o nepotismo, entre outros elementos nocivos que fazem parte do contexto cotidiano.

Deveria ser regra há muitas décadas, mas finalmente, ouvir a população e fazer prevalecer valores como participação, transparência, liberdade, igualdade, justiça, respeito, diversidade e ética, passam a fazer parte da “agenda” dos detentores de mandatos eletivos.

Começa um novo Brasil.

 

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