A presidente e o preço do tomate

Agrada-me a necessidade de ir ao mercado e à feira, e não costumo delegar a escolha de determinados produtos, especialmente frutas e verduras.
Sei bem o quanto custa o tomate gaúcho.
Sim, ele está caro.
E é um dos responsáveis pela queda de 8 pontos percentuais na popularidade da presidente Dilma Roussef, apurada pelo Instituto Datafolha, no último final de semana.
Essa, pelo menos, é a explicação do ministro da Educação, Aloisio Mercadante, um dos homens mais próximos, hoje, da presidente da República.
Eu o ouvi dizer isso na televisão, com o rosto crispado, reclamando da “campanha” orquestrada contra o governo, pela alta dos preços dos alimentos, um “episódio totalmente superado”. E citou o tomate.

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Fez-se um alarde um tanto exagerado, a meu juízo, da queda de aprovação do governo de Dilma Rousseff, em dois meses e meio: de 65% para 57%.
Também as intenções de voto caíram de 58% para 51%, considerando o cenário mais provável no pleito de 2014: Marina Silva (16%), Aécio Neves (14%) e Eduardo Campos (6%). Quer dizer: ela venceria as eleições ainda no primeiro turno.
Além disso, Dilma é a presidente melhor avaliada, depois de dois anos e meio de mandato, comparando-se com os dois períodos de governo de Fernando Henrique e de Lula.
Portanto, os números ainda são extremamente favoráveis à atual presidente.

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O problema são as causas da queda da aprovação e da popularidade de Dilma Rousseff.
Os brasileiros entrevistados apontaram os vilões, ou melhor, falaram de seus sentimentos pessoais de preocupação com o quadro econômico do país: a situação da economia vai piorar; a inflação voltou a preocupar e o desemprego vai aumentar.
É o que também dizem os números frios da economia e é o que repetem os analisas econômicos.
Questão maior é como enfrentar essa realidade.
Os remédios apontados para recuperar a confiança de um número maior de brasileiros são todos amargos e podem custar caro às aspirações de reeleição de Dilma.
A presidente, certamente por isso, resiste a adotar a mais reclamada das providências: o controle dos gastos públicos.
A máquina pública está inchada e descontrolada de tal forma como nunca esteve antes na história deste país.
Abílio Diniz, um dos mais bem sucedidos empresários brasileiros, acaba de dizer que é impossível alguém comandar uma máquina pública com 39 ministérios:
- Um gestor não tem capacidade de comandar mais de doze pessoas. Há ministro que despacha com a presidente a cada três meses. Isso não é bom porque todo mundo precisa ter chefe e dar satisfação a ele.
E lamento, finalmente, informar ao ministro Mercadante: ontem foi dia de feira, aqui no meu bairro, e o verdureiro de sempre informou que a questão da hortaliça não está superada.
O quilo do tomate gaúcho continua a valer nove reais.

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