Livramento recebe o prefeito da cidade palestina de Aizaria

Sufian Bassah é recepcionado por Glauber Lima e seu secretariado, conhece o parque Internacional e agradece apoio à causa palestina

Com a tradução do empresário Gazi Hilmi Hussein Abdallah, o prefeito de Aizaria, Sufian Bassah, conversou com Glauber Lima, com quem trocou presentes

Não fosse uma pane, a van que transportava à Fronteira a comitiva do governo gaúcho, com o prefeito Sufian Bassah e a italiana Maren Mantovani, coordenadora internacional da campanha Stop The Wall (Parem o Muro) teria chegado mais cedo. O veículo apresentou pane elétrica em Vila Nova do Sul, fazendo com que a comitiva tivesse que esperar algum tempo até chegar a Livramento, cancelando a palestra que seria ministrada por Bassah e Maren no Núcleo de Estudos Fronteiriços da UFPel e a visita à Câmara de Vereadores. Os visitantes foram direto ao restaurante Green Palace, do Verde Plaza Hotel, após serem recebidos pelo primeiro mandatário santanense, Glauber Lima, e seu secretariado, bem como uma comitiva de representantes da Sociedade Árabe Palestina de Sant’Ana do Livramento.

Secretário de Administração, Fabrício Peres da Silva; empresário Antônio Badra; Yasser Qadah; Ahmad Zeidan, Nasser Zeidan; Walid Baja;Glauber Lima; Mohammad El Hanini; Raed Shweiki; Raiman Baja; Jihad Shweiki; e Rodrigo Duque Estrada

Mais cedo, às 9h, antes da informação sobre a pane elétrica no transporte da comitiva, o prefeito Glauber Lima recebeu, em seu gabinete, os integrantes da comunidade palestina local. Enquanto aguardavam os convidados, o chefe do Executivo exibiu uma apresentação de fotos de sua visita, integrando a missão do governo gaúcho à Palestina e Israel. Na oportunidade, Glauber Lima foi presenteado por Mohammad El Hanini com um Hatta (o lenço palestino), assim como, mais tarde, durante o almoço, Dudu Colombo recebeu o lenço. Ambos utilizaram o acessório típico da Palestina durante todo o evento.

Após o almoço, a comitiva se dirigiu para o parque Internacional, onde foi possível aos visitantes conhecerem o símbolo de integração e paz da Fronteira. 

 

Consolidação 

A comitiva também estava composta por Lana Falk e Espártaco Dutra, da Assessoria de Cooperação e Relações Internacionais do governo estadual (filho do ex-governador Olívio Dutra) e pelo prefeito de Bagé, Dudu Colombo.

Mohammad El Hanini presenteia o prefeito Glauber Lima com um hatta, o lenço palestino

Glauber Lima expôs o desejo de ampliar as relações entre Livramento e a Palestina, especialmente com a cidade irmã de Ramallah, recebendo, entretanto, com a mesma fidalguia e satisfação, as representações de toda e qualquer cidade. “Estamos consolidando aqui as perspectivas de negócios e o reconhecimento de que é preciso propagar ainda mais a causa palestina, como forma de exigir do mundo livre uma solução para a opressão vivida dia a dia, intra-muros, pelo povo palestino” – disse o Prefeito.

Um monumento à causa palestina

Ideia é construir o símbolo no Parque Internacional, do lado brasileiro, segundo anunciou Glauber Lima

O prefeito municipal Glauber Lima fez questão de levar Sufian Bassah ao Parque Internacional, para que conhecesse o cartão postal da Fronteira, que dialoga, com sua simbologia, pela integração, paz e irmandade. Os convidados fizeram fotos entre as bandeiras do Brasil e Uruguai e partiram rapidamente, rumo a Bagé. Bassah e Glauber Lima, assim como outros gestores, estarão hoje em Canoas, no Fórum de Autoridades Locais da Periferia.

Nasser Judeh, vice-presidente da Sociedade Árabe Palestina de Livramento, fez menção ao fato de que a comunidade árabe palestina vive há 55 anos na Fronteira. “Sempre muito bem acolhida pela comunidade santanense, e o apoio manifestado pela a causa palestina, Prefeito, é antigo do PT. O senhor está materializando aqui o que o partido pensa e nós verificamos que o Prefeito está materializando o que pensa o partido” – disse Judeh. Ele agradeceu o apoio que está sendo dado pelo governo gaúcho e também pela municipalidade.

Glauber afirma que é preciso engajamento para que se contribua para evitar o que vem acontecendo na Palestina. “Observamos lá, em território ocupado, um país com parlamento fechado, abastecimento de água controlado por Israel, impostos recolhidos por Israel, um país proibido de ter seu exército próprio. Isso, em lugar nenhum no mundo, pode-se caracterizar como soberania. É inaceitavel e absurdo” – disse.

O mandatário fez um desabafo. “Eu me julgava razoável conhecedor da causa palestina, mas lá, percebi o quão pouco conheço e percebi o quanto é triste aquela realidade” – disse.

“Assinar papéis a gente assina, mas precisamos incorporar o desafio de lutar pela causa palestina aqui, como reação e pela liberdade do povo palestino. Estou me colocando à disposição para fazer a refundação do movimento de cultura árabe e palestina, propagando a ideia para o mundo” – disse. “Temos a Unipampa como parceira que quer construir. Vamos fazer um movimento cultural e fortalecer esse intercâmbio para dizer ao mundo o que acontece lá” – complementou, salientando que Livramento tem orgulho em ser município irmão de Ramallah. Glauber confirmou que está à disposição para tratar sobre a construção de um monumento em reconhecimento à luta palestina, no Parque Internacional.

Prefeito Sufian Bassah, de Aizaria

A Plateia – Como se sente pisando em dois países, Brasil e Uruguai, ao mesmo tempo?
Bassah - Isso é o que valorizamos, o direito de ir e vir, que deveria se estender para todos os povos. Desejamos que acabem com as fronteiras, exatamente como se vê aqui em Livramento e Rivera, onde as pessoas vão e vem livremente.

A Plateia – Em sua convição, é possível que este pequeno e simbólico exemplo de Livramento e Rivera possa auxiliar na causa palestina?
Bassah - Sempre é possível, desde que as pessoas busquem isso e, principalmente, busquem o entendimento entre os povos. Agradeço ao povo santanense, em nome do prefeito, a todos.

Maren Mantovani, da ONG Stop The Wall

A Plateia – Como é a experiência de aderir a uma causa como a dos palestinos?
Mahen - É dificil explicar uma experiência de 10 anos em um país sitiado, ocupado, sob repressão, com ditadura, encareceiramentos e mortes, em poucas palavras. Mas destaco a solidariedade entre as pessoas, que vão em conjunto lutar pela justiça e pela paz, e creio que essa capacidade do povo palestino é grandiosa: de levantar-se toda manhã e dizer vamos continuar lutando pela paz; e isso se dá a cada dia com mais força. A outra parte da experiência se resume aqui em Livramento e Rivera.

A Plateia – Qual é?
Mahen - É continuar a luta contra o muro que Israel construiu para isolar a Palestina e as pessoas, parentes uns dos outros. E continua construindo, alto, de 8 metros, na metade das cidades, na metade das casas, bloqueando literalmente as pessoas de irem e virem livremente. Elas não podem ir de uma aldeia para outra, em sua escola, em seu campo. E, agora estou aqui, entre Uruguai e Brasil, e nem se vê a fronteira. Este, provavelmente, seja o símbolo mais forte do desejo de paz que há na Palestina, pela qual os palestinos lutam a cada dia. É isso aqui, exatamente. Foi muito emocionante escutar as palavras do prefeito de Livramento, que foi lá e viu como é, o que significa esse apartheid e a ocupação de Israel. Este é um outro modelo, que envolve cooperação, e o prefeito diz que não basta somente ter assinado, diz que temos que fazer algo de concreto, de solidariedade, e isso foi muito importante escutar.

Espártaco Dutra, do Governo Riograndense

A Plateia – O que significa para o governo do Estado este ritmo de integração que se acentua cada vez mais para o povo palestino?
Espártaco Dutra - Sempre foi uma meta integrar todas as comunidades do nosso Rio Grande, com comunidades que vieram há muito tempo para cá, como portugueses, espanhóis, italianos e alemães. E não podemos esquecer dos nossos povos palestinos e árabes, mais recentemente, para colaborar com eles, para que vivam em harmonia. Temos um bom exemplo aqui em Livramento, que é a convivência pacífica. Serve de exemplo para a convivência pacífica lá na Palestina. Livramento e Ramallah estão em cooperação, e isso nos alegra muito. Por isso trouxemos esse prefeito, de Aizaria, e esperamos que essa cooperação renda frutos tanto para o estabelecimento da paz, quanto para a integração dos nossos povos.

A Plateia – Nos aspectos econômico e cultural, o que significa essa cooperação?
Espártaco Dutra - No aspecto econômico, estamos colaborando com a Palestina, visando à construção de um estado economicamente viável, independente e autônomo. A Palestina é muito conhecida pelas suas oliveiras, é uma cultura secular naquela região nesse setor, e nossa Secretaria de Desenvolvimento Rural fez um acordo com a associação de agricultores na Palestina e Ministério da Agricultura para cooperação técnica nessa área. Principalmente em Livramento, vamos diversificar para nosso pequeno agricultor produzir, com o apoio técnico palestino.

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