À visão

“O óbvio é a verdade mais difícil de se enxergar.”
Clarice Lispector

A sentença atribuída à ucraniana mais pernambucana da história da literatura traduz claramente o que está acontecendo na política santanense. Não mudaram os velhos hábitos. Brotaram as ufanias que estavam guardadas em outros tempos no íntimo de significativa parcela dos agentes políticos locais. Joseph Dedieu, lá em 1913, comentava a reflexão de Montesquieu sobre a confecção das leis e a necessária salvaguarda de alguns direitos do homem, que são superiores a qualquer lei humana, citando como exemplos: a liberdade individual, a tranquilidade, a segurança, a liberdade de pensar, de falar e de escrever.
Nesse entendimento, há liberdade, portanto, quando, por um lado, existe respeito e, por outro, desenvolvimento normal dos direitos do homem.
Com o fim do “namoro” entre Executivo e os vereadores dos partidos que não fazem parte da base aliada, está definida a dualidade – histórica e muito própria do povo riograndense – em Livramento: situação e oposição.
Permanece, entretanto, o discurso arcaico: “quem não é a favor…”. Aliás, nesse sentido, imaginava-se sepultada essa definição com a alusão constante a uma nova política, ou seja, uma nova compreensão individual da forma de fazer política.
Politic, do latim antigo politicus do e grego politikos tem muitas definições, referentes aos assuntos da poli – à organização da cidade ou os assuntos do cidadão. O conceito mais simples é tratar-se de um ramo da ética que lida com a atividade em que uma sociedade livre, de homens livres, resolve os problemas colocados pela sua vida coletiva. No fundo, na prática, é uma tarefa ordenada para o bem comum. Alguns autores apresentam o uso legítimo da força, como a principal característica da política. Seguindo esta definição da política é o exercício do poder, que busca um propósito transcendente. Isto promove a participação dos cidadãos, pois tem a capacidade de distribuir e executar o poder necessário para promover o bem comum.
O óbvio, aludido, engloba todas essas construções em uma conexão que alia o exercício político com liberdade e a constatação de que da mesma forma que o “opor por opor” o “mandar por mandar” são elementos que, no fundo, nada colaboram.
Essa obviedade aponta para a necessidade de inserir o diálogo mais constante e prévio como elemento para perceber soluções aplicáveis, não, entretanto, mediante uso da retórica de um ou outro lado como justificativa.

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