MESMICES DA TELINHA

Os leitores já devem ter notado a mesmice que tomou conta dos telejornais brasileiros, a qual é apenas a constatação da falta de criatividade de produtores e pauteiros das redações do jornalismo televisivo.

Vai começar agora, por exemplo, o período das reportagens sobre o frio e sobre as temperaturas abaixo de zero pela sensação térmica. Repórteres são deslocados para a Serra Gaúcha e Serra Catarinense e de lá fazem seus boletins de madrugada para os telejornais matutinos e na boca da noite para os informativos noturnos.
As imagens são as mesmas de sempre: carros cobertos pela geada, o cano d’água com o pingo congelado e a pequena poça que o frio da madrugada a deixou cristalizada. Tem também as entrevistas com o casal nordestino que não conhecia o frio e muito menos a geada.
Vale também a imagem de cavalos, bezerros e ovelhas que passaram a noite fria ao relento que emoldurados na telinha com um pouco de neblina não provocam mais a sensibilidade do telespectador por uma única razão: ele já tinha visto o mesmo em invernos anteriores.
E a “caça” pela neve? Equipes se deslocam para a captura dos flocos de neve caindo contra a luz de um poste e a jovem repórter, tremendo de frio, faz o seu boletim com o termômetro da praça servindo de fundo como se fosse um estúdio de gravação.
Certa vez, em Washington, eu cobria a visita do governador Antonio Britto para a RBS e fui aos estúdios da Globo pedir o apoio, conforme fora combinado. Comigo o competente Paulo Zero que me sugeriu o boletim do Estúdio B.
“Estúdio B?” – perguntei. E ele me explicou que era um local de onde se avistava o Congresso dos EUA e uma vista de cartão postal. Dali eram gravados muitos boletins para a Globo e o meu comentário teria aquela ilustração de fundo.
E assim tem sido as coberturas televisivas do nosso inverno. As mesmas imagens só mudando o repórter que faz o boletim. Com o frio chegando e as temperaturas baixas prenunciadas, os telespectadores já sabem como as tevês registrarão a queda de neve e a geada nos campos.

TEM OUTRA
Outra falta de criatividade dos editores de imagem na televisão é o registro de pessoas aplaudindo o pôr do sol. Sinceramente, acho que só no Brasil e em algumas cidades pessoas se reúnem para bater palma para o sol que se põe no oeste.

CARNAVAL (1)
Não é muito diferente a cobertura dos carnavais no Brasil. As escolas de samba abandonaram os temas afins e nos dias de hoje se fixam em vender enredos para governos estaduais e empresas estatais. As imagens também não fogem da mesmice e o diferente são as “celebridades” que desfilam como destaques.

CARNAVAL (2)
As maiores escolas de samba, especialmente as do Rio de Janeiro, dependendo do ranking da “celebridade” e da relação com o bicheiro-patrocinador é que se determina a sua posição no desfile. Mulher de bicheiro, por exemplo, sempre vai num carro em posição privilegiada. Em outros casos, posições podem ser vendidas.

FÓRMULA 1
Mais mesmices impostas ao telespectador: as imagens das corridas de Formula 1. Se alguém trocar o boletim por outro gravado no ano passado, só os fãs da modalidade se darão conta do erro. A monotonia de uma transmissão é igual a paisagem de “viagem” de elevador, como dizia Stanislaw Ponte Preta.

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