Os assaltos de nós todos

O texto publicado neste espaço na última semana – “Acabo de ser assaltado” – e reproduzido em outros jornais e blogs de comunicadores, provocou manifestações que, no conjunto, mostram a terrível realidade da insegurança pessoal de cada um e de todos.
Pelo menos 50% dos e-mails de solidariedade que recebi revelam experiências vivenciadas pelos leitores: assaltos de toda a espécie, nas horas mais improváveis e em lugares insuspeitos.
Difícil escolher o relato mais dramático.

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Uma das primeiras mensagens foi de irônica saudação:
- Bem-vindo ao clube. Já sofri três assaltos. Em todos mantive o sangue frio mas ficar sob a mira de uma arma não é experiência agradável. A pena de morte já existe no Brasil. Ao contrário de outros países, ela é decretada contra os cidadãos honestos, indefesos. Eu era contra essa medida. Hoje em dia sou a favor, até porque quem põe fogo numa mulher não merece outra coisa. (José Valmir da Costa, advogado)

Outros testemunhos, publicados com autorização:

- Lembrei de meu assalto há quase dois anos. Também fui imprudente, mas na hora não importa os conhecimentos de como se deve proceder, o impulso é mais forte. (Gladis Dreizik, empresária)

- Sentimos a mesma sensação de pavor, de impotência e de indignação ao sermos assaltados. (Laís e Clóvis Heberle, jornalista).

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- Já estou escolado: quatro assaltos. Três com a casa invadida, barbarizada, vandalizada e eu e a família como reféns. Violência total e eu, aqui, com as marcas de cortes das facas no corpo. A sorte é que não houve tiro. E sem violência, três carros perdidos (um deles recuperei-o depenado em desmanche pertencente a delegado de polícia de outra cidade – Jacareí). (Carlos Fernando Karnas, de São Paulo)

- Minha filha foi assaltada com arma na cabeça ao chegar em casa vinda do Instituto do Coração onde trabalha. Felizmente ela entregou tudo ao vagabundo sem protestar. Quase enlouquecemos. Ainda bem que o anjo da guarda não baixa a guarda (Nicola Garófallo, jornalista)

- Em verdade, o que temos é desgoverno. E já faz tempo. Alguns teimam em chamar isto de “democracia”, certamente por desconhecerem o que é a verdadeira democracia, que prima pelo respeito à honestidade, aos cidadãos e às normas. (Cláudio Smoktunovicz, procurador do Estado)

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Para meus amigos de Lisboa que me acompanham via internet, isso tudo soa irreal:
- No inicio da leitura do teu texto, tanto a Olga como eu julgamos que se tratava de “ficção”. Com as referencias ao assassinato de teu irmão, despertamos para a realidade.
Não há nenhuma imaturidade na tua reação…O ato, em si, é humanamente irracional. (João Graça)
Por fim, é preciso considerar o que diz o advogado Antonio Augusto Mayer dos Santos, depois de narrar o ataque de um drogado à sua esposa, no meio da tarde:
- Perdemos a guerra. Os bandidos são minoria mas venceram. Subverteram o sistema.

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