Número de acidentes na BR-158 chama a atenção do RS

Trecho entre Sant’Ana do Livramento e Rosário do Sul registrou cinco acidentes com morte em apenas 72 horas

Os condutores que frequentemente deixam a capital do Estado e outras regiões do Rio Grande do Sul e se deslocam para a Fronteira entre Sant’Ana do Livramento, do lado brasileiro, e Rivera, do lado uruguaio, em sua grande maioria atraídos pelos preços tentadores e produtos colocados à disposição nos chamados free shops, estão tendo que conviver com um dado que cada vez mais chama a atenção: os perigos da estrada.

Considerado aparentemente calmo, o trecho entre as cidades de Rosário do Sul e Sant’Ana do Livramento tem sido, algumas vezes, o que requer ações mais efetivas por parte de agentes da Polícia Rodoviária Federal e serviços de resgate, no caso de acidentes. Somente nas últimas 72 horas, no mesmo trecho, foram registradas seis mortes, sendo que algumas delas em acidentes ocorridos em pontos pouco distantes um do outro.

“Respeitado o limite de velocidade, este pode ser considerado um dos trechos mais seguros do Estado”, garante diretor do DNIT

Para o diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, em Sant’Ana do Livramento, João Carlos Tonetto, o que faltam são ações de conscientização pública para que os condutores aprendam a respeitar os limites de velocidade e os perigos da estrada. “As pessoas têm que se conscientizar. Temos mantido a rodovia em condições e melhoramos sempre a sinalização, além de incentivarmos a redução da velocidade, colocando redutores em pontos considerados críticos. Isso tudo nós fizemos na parte urbana da BR-158 em Livramento, no acesso à Rosário do Sul, por exemplo. Ou seja, a parte que o DNIT poderia fazer, tem sido feita. Eu, que tenho andado nessa via todas as semanas, porque venho na segunda e volto na sexta-feira, além dos dias restantes da semana, quando vou fazer inspeções para todos os lados, noto que se andar na via a uma velocidade de 110Km/h, muitos carros acabam ultrapassando, andando a uma velocidade de 130Km/h a 140 Km/h, o que para uma rodovia dessas, por melhor que seja, é absurdamente alta”, frisou.

João Carlos Tonetto fez questão de ressaltar a necessidade de haver um maior amadurecimento e conscientização por parte dos condutores, para que novas tragédias não ocorram. “Hoje, as pessoas quando veem um redutor de velocidade, por terem que reduzir, parece que precisam imediatamente acelerar para recuperar o tempo perdido, o que é um absurdo”, disse. Tonetto disse que o DNIT poderá tentar, ainda, reduzir a velocidade nos pontos mais críticos, para proteger também os pedestres – como foi feito na entrada da cidade – melhorar as intersecções cujos projetos, aliás, deverão ser licitados no segundo semestre, segundo ele. “Agora, na via, a questão é consciência maior dos motoristas mesmo. Do ponto de vista do DNIT, se o motorista dirigir respeitando os limites de velocidade e sinalização, este trecho entre Livramento e Rosário é totalmente seguro, porque tem poucas curvas e grande visibilidade. Se qualquer usuário respeitar, mesmo que ande em velocidade compatível, poderá, sim, ter uma viagem segura. Todos os acidentes recentes nos mostram que a imprudência foi a causa maior das ocorrências. Todos sabem que é proibido ultrapassar em cima de ponte, por exemplo, porque tem faixa dupla. Agora, se alguém resolve ultrapassar em cima de uma ponte, não vai adiantar a gente fazer qualquer tipo de obra, pois os acidentes continuarão a ocorrer”, afirmou.

João Carlos Tonetto disse que estão previstas, pelos menos, duas obras em pontes no trecho entre Livramento e Rosário do Sul. O alargamento das pontes da Faxina e do Salso e a ponte Santo Antonio deverão ter o seu alargamento licitado no segundo semestre. Na ponte da Faxina, por exemplo, será feito o reforço de estrutura, além do seu alargamento, e na ponte do Salso o alargamento também será feito. “Mesmo se melhorarmos as condições das pontes, se os motoristas não respeitarem, novas tragédias irão ocorrer. O DNIT tem trabalhado bastante para melhorar as condições de segurança da via e estamos sempre atentos”, finalizou.

 Para a Polícia Rodoviária Federal, a imprudência foi a grande causadora das mortes que ocorreram recentemente na BR 158

O Inspetor da Polícia Rodoviária Federal revelou dados que indicam que, apesar das tragédias recentes no trecho entre Livramento e Rosário do Sul terem saltado aos olhos do restante do Estado, há uma significativa redução de acidentes no local e na região de cobertura da 11ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal. “De acordo com os nossos levantamentos, nos anos anteriores, no mesmo local dos acidentes recentes, não houve nenhuma outra ocorrência com óbito. Com essa pesquisa que temos, conseguimos observar se o problema é da rodovia, como sinalização, por exemplo, ou se o problema aponta para a conduta dos motoristas, além do acaso. O que pudemos observar dos acidentes recentes é que eles estão inseridos em um universo que soma imprudência às condições climáticas no local”, disse o policial Vasconcellos.
Questionado sobre as condições de segurança do trecho entre Livramento e Rosário do Sul, o Inspetor da Polícia Rodoviária Federal afirmou que o local é seguro. “Inclusive, nos locais onde ocorreram os óbitos, não é comum termos acidentes. Ele é um trecho onde o trânsito flui normalmente. Aqui em Livramento, por exemplo, 70% dos acidentes concentram-se nos trevos de acesso ao Porto Seco e no trevo do DNIT. Esses, sim, podemos considerar como locais críticos”, afirmou. Para o policial, o trecho dos óbitos não é um ponto que se enquadre nas estatísticas da Polícia Rodoviária Federal, e reafirmou que a combinação entre imprudência e condições climáticas se tornou fatal nos casos em que ocorreram as cinco mortes. “No caso dos óbitos do casal de Livramento, por exemplo, a ultrapassem indevida e a cerração muito forte no local foi fatal, assim como no outro caso em que morreram mãe e filho”, afirmou. Sobre o fato do trecho entre Livramento e Rosário do Sul ser a parte inicial da viagem para quem deixa a Fronteira, e parte final para quem vem de diversas outras partes do Estado, relativamente calmo e, por isso, parecer ser convidativo a uma maior velocidade, como agravante no caso dos acidentes, o Inspetor Vasconcelos disse que esse fator pode ser considerado, embora não abra mão de afirmar que o principal foi a falta de visibilidade dos condutores no momento das ultrapassagens.
O Inspetor da PRF revelou, ainda, dados comparativos da 11ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal, colhidos entre janeiro e abril de 2012, e janeiro e abril de 2013. Segundo a pesquisa, o comparativo de acidentes, feridos graves, óbitos e multas entre jan/2012 a abr/2012 e jan/2013 a abr/2013, em resumo, aponta que o número de acidentes teve uma redução de 17%, de feridos graves uma redução de 35%, mortes 34% e o número de autos de infração teve um aumento expressivo de 275%, passando de 2158 para 5945 autos.

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