Presidente do DETRAN-RS fala sobre segurança no trânsito

Vida é o indicador da gestão, que conta o número de pessoas poupadas em acidentes de trânsito

Presidente do DETRAN-RS, Alessandro Barcellos, em entrevista à RCC FM

O presidente do Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul, Alessandro Barcellos, visitou Sant’Ana do Livramento no último fim de semana, participando da ampliação do CFC Santanense.

A Plateia: Na sua opinião, qual a importância do CFC na construção de um trânsito mais seguro?
Alessandro Barcellos: Os CFC’s têm sido “ponta de lança” na formação de condutores e também na educação no trânsito, uma vez que é na formação que se consegue ter influência para, no futuro, os condutores de veículos terem capacidade de construir um trânsito mais seguro.

A Plateia: Há uma estimativa de quantas pessoas ainda são vitimadas no trânsito?
Alessandro Barcellos: No Brasil, 40 mil pessoas são vítimas do trânsito por ano. No RS, são mais de 2 mil pessoas. Em relação a esse problema, o Poder Público não pode, de maneira nenhuma, deixar de dar a importância que merece, pois estamos falando de vidas. Nesse sentido, então, sempre que temos uma atividade como essa (ampliação dos CFC’s), em que a comunidade sente orgulho e recebe, é importante que o DETRAN esteja acompanhando.

A Plateia: Como o DETRAN-RS está trabalhando para mudar a realidade do trânsito brasileiro?
Alessandro Barcellos: Estamos vivendo um novo momento no DETRAN-RS, através de um novo indicador de gestão, VIDAS, que orienta todos os projetos estratégicos e ações. É sempre arriscado jogar as expectativas dentro de um indicador, mas nosso macroindicador são as vidas poupadas. Esse novo momento compreende um novo olhar para o trânsito.

A Plateia: Já existem alguns resultados positivos que comprovem a eficácia desse indicador?
Alessandro Barcellos: A frota cresce 7% ao ano, foram 142 vidas poupadas em 2011. No primeiro quadrimestre de 2012, percebemos a redução de 6,5% em relação a 2011, o que equivale a 39 vidas. Esse processo acontece porque tem havido no RS um processo de integração da Polícia Rodoviária Federal, Brigada Militar e Polícia Civil, que têm conseguido ‘sentar na mesma mesa’, planejar as ações, e executá-las em conjunto. Iniciamos a Operação Balada Segura em sete municípios do Estado, agregando fiscalização de álcool e direção junto com o processo de educação. Em Porto Alegre, onde iniciamos o projeto, já temos uma redução de 33% nos acidentes de trânsito, nas madrugadas de sexta e sábado, quando iniciou o Projeto Balada Segura. Este projeto tem dado certo e é elogiado por outros municípios do País. Por isso, buscamos ampliar para outras cidades.

A Plateia: Os feriados representam os maiores picos de acidentes nas estradas?
Alessandro Barcellos: Sim. Por isso, iniciamos, no feriado de 15 de novembro do ano passado, a Operação Viagem Segura. Em oito edições, foram mais de 800 mil veículos fiscalizados nos feriados de lá para cá.
Para quem não sabe, a páscoa é o feriado com maior número de vítimas. Nesta última páscoa, reduzimos em 46% o número de acidentes, em comparação com o ano passado, somente com essa operação integrada.

A Plateia: Motociclistas são os mais imprudentes no trânsito?
Alessandro Barcellos: O mais importante em todas essas campanhas é contar com o apoio do condutor. É imprescindível que ele tenha consciência ao dirigir. O que deve mudar no condutor é sua cultura. Ele já está acostumado a cometer infrações, só mudará seu hábito se encontrar fiscalização permanente e essa fiscalização só funciona se for ampliada. O engajamento da sociedade é importante. O condutor deve ter o entendimento de que pilotar moto ou veículo, em combinação com álcool, transforma-se em uma arma fatal e isso devemos lembrar sempre.

A Plateia: Outro projeto que ainda está em tramitação no Congresso Nacional trata da mudança na jornada de horas dos caminhoneiros. Há novidades em relação a esse projeto?
Alessandro Barcellos: Foi aprovada uma legislação sobre esse assunto, mas que ainda está em debate com o setor, pois, ao mesmo tempo em que regra essas questões, precisa criar condições para que isso seja fiscalizado e executado. Precisamos ter estrutura para, se a legislação determinar que o caminhoneiro pare, que ele tenha onde estacionar, que possamos ter uma fiscalização conjunta com os órgãos que fiscalizariam isso do ponto de vista do trabalho.
Esse é ainda um processo que necessita de aprimoramento. Temos outra legislação em relação às motocicletas, que permite que o serviço de motofrete não seja mais realizado por demanda e que a produção não seja por tempo, algo que não estimule o trabalhador a correr. Quero aproveitar para trazer uma notícia importante: aprovamos, na semana passada, um projeto na Assembleia Legislativa do RS chamada CNH Social. Tendo em vista que a CNH deixou de ser apenas um documento que habilita um cidadão a conduzir um veículo, além de uma carteira de identificação, passou a ser uma espécie de passaporte para o mercado de trabalho. Concursos públicos têm como requisito possuir CNH, além de outras funções. Portanto, entendemos que seria importante ter um programa para dar acessibilidade às pessoas de baixa renda a esse serviço. Estamos em processo de regulamentação dessa Lei, para criar os critérios de acesso. Esse projeto significa que o DETRAN-RS, a partir de 2013, terá 7 mil serviços de habilitação de forma totalmente gratuita, para os interessados de baixa renda. Será mediante edital, inscrições, e as vagas serão preenchidas em todas as regiões, e a ideia é que os próprios CFC’s ministrem os cursos custeados pelo DETRAN-RS e tragam para o mercado de trabalho pessoas que não conseguem melhorar sua renda, sua atividade remunerada, pois não possuem esse documento. Nesses 7 mil serviços, não está incluído somente a primeira carteira, mas também aquelas habilitações para motoristas profissionais, que queiram dirigir outros veículos, como ônibus e caminhões. Observamos em contato com o setor produtivo do transporte de cargas, que hoje o RS está importando motoristas de outros estados porque falta mão de obra para dar conta do crescimento produtivo que o país e o RS estão tendo.
Nesse sentido, já aprovamos este projeto, estamos trabalhando na regulamentação e em 2013 teremos os primeiros 7 mil cidadãos gaúchos que terão acesso a esse programa que traz mais direito e possibilidade de inserção no mercado de trabalho.

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