CPI DA TELEFONIA

As investigações parlamentares nunca tiveram um bom conceito junto à opinião pública por uma razão que a voz do povo já transformou em bordão: “CPI não dá em nada!” E geralmente não sai coelho desse mato por que as investigações parlamentares quase sempre se transformam em palanques partidários dos seus integrantes. Tem a turma que defende e a turma que ataca quem é alvo das CPIs.

Normalmente, uma CPI é solicitada pela oposição que quer investigar possíveis atos irregulares do governo. Quando o caso é grave, mas o governo investigado tem maioria parlamentar, a CPI vai para as manchetes, ganha transmissão ao vivo, mas o relatório final é pífio. Quando o governo é minoria, dá-se o contrário e mesmo assim ninguém vai para a cadeia ou perde seus bens pelos crimes cometidos.

No entanto, regras políticas às vezes são quebradas e estamos diante de uma CPI que poderá, pelo menos, trazer alguma satisfação ao público descrente em investigações parlamentares. Trata-se da CPI da Telefonia em andamento na Assembléia Legislativa do RS, presidida pelo deputado Ernani Pólo (PP), cujo requerimento não teve assinaturas negadas por se tratar de uma investigação sem a intenção de atingir o governo.

A CPI da Telefonia pretende buscar as razões que transformaram os serviços de telefonia celular (sem esquecer a fixa) num caos altamente rentável para as concessionárias. Nosso estado com 10 milhões de habitantes tem 16 milhões de celulares habilitados. Na prática, telefones demais e serviços de menos.

É bom que se diga que não será um trabalho fácil dos deputados, mas como todos querem dar satisfações para seus eleitores não haverá “oposição” entre os membros da CPI. Qual o parlamentar que ainda não ouviu de seu eleitor uma reclamação mais ou menos assim: “Deputado, faça alguma coisa por nós que temos celulares e não conseguimos usá-los por falta de sinal”. Está aí a oportunidade.

BLINDAGEM

As operadoras de telefonia, por mais força política que tenham, deverão explicar os motivos dos maus serviços oferecidos aos seus clientes. Já tem uma blindagem em andamento. Nenhuma delas falará de maneira isolada. Quem responde em nome das companhias é o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil).

DEBOCHE

Uma usuária de celular foi se queixar da má qualidade do sinal em sua residência e disse que trocaria de operadora caso não fosse resolvido o seu problema. “E por que a senhora não troca de endereço?” – disse a gentil mocinha do atendimento ao público.

PROCON ATENTO

Para a diretora do Procon/Poa, Flávia do Canto Pereira, a CPI deve pedir explicações para a Anatel, a agência reguladora dos serviços de telefonia, que é a responsável pela fiscalização das operadoras. A propósito: alguma operadora já pagou multa pelas falhas na operação dos celulares no RS?

NOSSA PARTE

Nós somos os clientes da telefonia celular, mas nós agimos como consumidores, fiscalizando cada centavo cobrado na conta mensal? Se em cada conta for cobrado, “por engano”, um real apenas, quantos milhões não ficam “perdidos” no faturamento das operadoras?

 

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