Cadê a queda?

Os preços de alguns produtos, alimentícios, especialmente, continuam subindo. A ponto de fazer com que os “sábios” da economia governamental tivessem aumentado para mais de 5,7% a perspectiva de inflação.
Há pouco menos de dois meses, a presidente Dilma Fousseff, com um sorriso de orelha a orelha, foi à TV para anunciar que alguns produtos teriam redução de preços, a fim de permitir melhores condições de consumo para os cidadãos. Obviamente que a presidente manifestou a boa intenção do governo que isso acontecesse, mas, na prática, no cotidiano das compras, o que torna-se muito claro é que nenhum produto teve decréscimo de preço significativo. Ocorreram situações em que a baixa atingiu R$ 0,30, por exemplo, entretanto, não houve declínio de R$ 3,00 ou mais – o que, em alguns produtos e mercadorias seria plausível para que o consumo fosse viabilizado.
Claro que mais do que a ação de governo, está a tentativa de segurar a inflação, com tendência de alta e, mais, acima da média esperada para o período. Se alguns setores governamentais imaginam que seja uma sazonalidade inflacionária, a contundência de preços provou que não. Resultado: como diz o gaúcho, pegar o bicho pela cola.
Na prática, o consumidor não deve sentir efeito integral de desoneração da cesta básica anunciada pela presidente. Pelo menos, não de imediato. Os especialistas defendem que é preciso rever o chamado ambiente inflacionário
Por causa desse cenário, o próprio governo começa a reavaliar o que considera como prioritário em relação à inflação, recolocando-a no centro das atenções.
Sob essa perspectiva, é reconhecido que a boa prática da política econômica sugere que um aperto monetário é o melhor instrumento para o combate à elevação da inflação.
Em outras palavras, a elevação da meta da taxa Selic por parte do Banco Central seria o instrumento convencional indicado para esse caso.
No entanto, o governo se encontra em uma sinuca: ao mesmo tempo em que a inflação se mostra pressionada, a atividade econômica segue claudicando.
A inflação está aí, esperando para dar o bote. Não deve ficar, no mundo real, a menos de 6,5%. Em que pese a economia parecer estar esboçando alguma recuperação na margem e, nesse sentido, uma elevação da taxa de juros neste momento poderia abortar esse processo; os custos de produção continuam aumentando, os valores reais da economia ou aumentam ou estagnam.
Em face dessa problemática, o governo brasileiro faz uso de um instrumento pouco ortodoxo para tentar combater a alta da inflação: a desoneração de produtos da cesta básica.
Com isso, tenta evitar a elevação dos juros por parte do Banco Central.
A visão do governo é que essa medida venha a reduzir os preços desses produtos (ou pelo menos estancar a alta) e, com isso, o ritmo da alta de preços se desacelere. Essa é uma aposta incerta: não é garantido que a desoneração promovida seja repassada integralmente para os preços.
Ela pode ser incorporada em parte ou integralmente pelos produtores caso exista a possibilidade disso.
Vale lembrar também que, mesmo que exista algum benefício do ponto de vista da inflação no curto prazo, ele ocorre uma única vez e, se a dinâmica inflacionária registrada nos últimos meses persistir, o governo poderá se ver no mesmo dilema atual em relação aos juros daqui a alguns meses.
Quanto aos preços? É esperar para ver se caem mesmo. E na proporção que o consumidor espera.

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