“Esse indivíduo é irrecuperável…”, diz psiquiatra

Para o médico Luiz Alberto Caputo, especialista com mais de 45 anos de experiência, as atitudes de Luan Barcelos não deixam dúvida sobre a sua doença

As alterações de comportamento do jovem Luan ficaram evidentes entre o tratamento dispensado à avó (foto), e os assassinatos por ele assumidos

“Eu acho que, antes de mais nada, não cabem muitas explicações para este tipo de ato. Na medida que a gente procura explicar, do ponto de vista psicodinâmico e emocional, um ato destes, parece que estamos tentando justificar essa atitude, que é inominal e hedionda. Não há dúvida de que se trata de uma personalidade psicopática”.

A afirmação acima foi feita em entrevista concedida na tarde de ontem, pelo médico psiquiatra com mais de 45 anos de profissão e com atuação em instituições penais forenses, Luis Alberto Caputo. Do alto de sua experiência, o médico foi procurado para que explicasse algumas questões ligadas aos seis crimes cometidos pelo jovem Luan Barcelos, 21 anos, quando matou três taxistas em Livramento e outros três em Porto Alegre.

Para o psiquiatra, os atos cometidos pelo assassino confesso deixam claro um perfil psicopata. “Esse rapaz já foi expulso do quartel, com 19 anos. Para isso ter acontecido, deve ter sido coisa grave, e eu conheço bem esses casos, porque já tenho atendido alguns. Sei que para fazer o que ele fez, antes de mais nada, a pessoa tem que ser de má índole, muito ruim, e sem dúvida alguma de uma personalidade psicopática, o que se chama de egossintônico. A pessoa perdeu a capacidade de se culpar pelos seus atos, esse é o termo. Qualquer ser normal fica se culpando, às vezes, por coisas que nem fez. Eu diria que esse indivíduo é, sim, um psicopata, mas só isso não basta, a índole tem que ser também muito ruim”, afirmou o médico.

Em uma conversa de aproximadamente 50 minutos, Luis Alberto Caputo explicou os principais sinais que o levaram a tal conclusão, diante da gravidade dos atos. 

“Pior do que ele, só aquele que colocou a bomba lá em Boston, que não sabia quem iria matar, e chegou a tirar a vida de crianças. É o único que pode ser pior do que o nosso conterrâneo…” 

Luiz Alberto Caputo, médico psiquiatra, analisou o perfil do jovem matador Luan Barcelos, assassino confesso dos seis taxistas

Luis Alberto Caputo disse que o terrorismo é o único ato que pode ser pior do que o cometido pelo jovem que matou os seis taxistas. “Ele matou seis pais de família, honestos, que, inclusive, foram injustamente acusados de tráfico de drogas. Manter um indivíduo como esse por mais 50 anos na cadeia, com comida e roupa lavada, não justifica. Os bandidos condenam a sociedade sumariamente à pena de morte, mas para esses casos não há essa sentença”, frisou.

Questionado sobre os sinais que começaram a aparecer ainda na adolescência de Luan Barcelos, que poderiam indicar alguma anormalidade no seu caráter, ainda em tempo de tratamento, o médico disse que, provavelmente, esses traços o acompanham desde muito cedo. “A personalidade do indivíduo é forjada na tenra idade. Esse tipo de indivíduo não sente culpa pelo que faz. Nós e os objetos somos a mesma coisa para eles. Luan repetiu seis vezes o mesmo ato, isso não é normal, não é uma coisa humana”. Em seu depoimento, Luan Barcelos confessou à polícia que matar tem o mesmo significado de fumar um cigarro. O médico analisou a declaração e disse que para casos como este, o pensamento dos psicopatas é de total desprezo pela vida das vítimas. “É isso mesmo, o pensamento dele certamente é esse. O que ele disse, para ele, é uma verdade, ou seja, para ele matar e fumar não tem a menor diferença”, afirmou. Novamente questionado sobre a possibilidade de Luan Barcelos ser um psicopata, Luis Alberto Caputo disse que não resta dúvida sobre esse fato. 

“Não há a menor dúvida disso. A única coisa certa é que ele é um psicopata…”, Luiz Alberto Caputo, médico psiquiatra. 

“Temos muitas personalidades psicopáticas no nosso Congresso Nacional, por exemplo, mas não chegam a esse extremo. O caso dele não tem classificação. É banditismo, ruindade e não tem cura. Não existe cura para o caso dele, porque não se trata, não tem tratamento. É uma perda de tempo investir em uma pessoa dessas. Claro que não existe regra sem exceção, mas são fatos muito raros e a norma não é essa”, afirmou.

O médico disse que só as explicações ligadas ao campo familiar não explicam, tampouco justificam a série de assassinatos cometidos por Luan Barcelos, em Livramento e em Porto Alegre. “Não cabem explicações psicodinâmicas para explicar o relacionamento com o pai ou com a mãe. Realmente, ele poderia ter uma família meio desestruturada, mas foi criado por uma avó que tenho certeza ser uma pessoa muito boa. Então, só isso, não justifica, a avó deve ser uma pessoa com mais virtudes que defeitos”, afirmou. Ao analisar a informação de que Luan Barcelos já apresentava sinais de rebeldia ainda na adolescência, pela conduta sempre irregular na escola, o médico disse que o tratamento no tempo certo poderia ter melhorado alguns aspectos, mas talvez não resolvesse. “Isso já está na predisposição genética dele. Agora que ele sentiu que é fácil matar, fatalmente voltaria a cometer os mesmos crimes. Ele fez o que fez em dois dias, imagina o que faria em um tempo maior? Isso é má índole, é banditismo”, finalizou o médico.

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1 Comentário

  1. Rosane

    E qual será a solução? Se é irrecuperável, seria a pena de morte ou a prisão perpétua. E isso não existe no Brasil. Como nos protegeremos deste e de tantos outros psicopatas soltos por aí?

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