Simples complexo

A realidade da saúde em Livramento tem muitas nuances. Algumas delas… Há, como é natural e procedente, antes de tudo, uma série de interesses, desde sociais, econômicos, financeiros, funcionais, profissionais, políticos, entre outros. É esse o primeiro elemento que precisa ficar claro, pontual, transparente. Precisa ser também aceito – mesmo pelos reticentes – como elemento que faz parte de um mesmo cenário. Aí, e somente nesses entendimentos, existe toda uma série de problemas, de vários graus.
Tem razão a secretária Érika Zanini Andrade quando afirma que o sistema é complexo, conforme o fez durante o programa Jornal da Manhã, de ontem, na RCC FM. É complexo demais e, talvez, aí esteja um dos grandes problemas.
Mas, talvez, seja bem mais simples o entendimento do que possam as tenicalidades supor, a partir do momento em que exista o que pode ser convencionado como uma convergência de compreensão.
Primeiro pacto dessa convergência: não é feio, piegas ou anti-ético ganhar dinheiro com prestação de serviço, isso vale para o médico, a enfermeira, o auxiliar, o instrumentista, o anestesista, o recepcionista, enfim, para todo e qualquer técnico profissional, não apenas da área da saúde, como nas demais.
Segundo pacto: mesmo que a Constituição pregue a igualdade, há sim, diferenciação, por óbvio, entre aquele paciente que dispõe de recursos financeiros e o que não dispõe.
Terceiro: a vida é o elemento básico. Está aí, talvez, outro gargalo. Se Cicrano vai buscar atendimento e, por óbvio, não sabe qual sua enfermiade, o problema de Cicrano, no entendimento, no pensamento de Cicrano é o maior do mundo e ele quer atendimento para ontem, não interessa quem vá pagar. Não interessa também o caso do Fulano.
Quarto: a transparência pode ser encarada como o caminho mais curto entre o que é pago hoje e o que terá que ser pago pelo serviço prestado.
Quinto: Nenhum ser humano pode condenar seu semelhante que vive de determinada atividade, mesmo que ela seja extremamente delicada, como é a saúde pública.
Sexto: Pensamento de leigo: saúde não se faz com palavras, mas com gestos harmonizados, com docilidade e compreensão na área de atendimento; com interesse e bondade na recepção e, claro, com dinheiro.
Sétimo: O recurso jamais pode ser o que determina a lei tão somente, mas sim, aquele que é necessário, pela condição de mercado, para obter a satisfação da necessidade do cidadão; afinal de contas é este quem paga os tributos para garantir que o governo – em qualquer das esferas – lhe devolva em serviços.
Na prática, a saúde não pode ser dissociada do aspecto comercial. É, sim, um negócio. E isso vale para os particulares e também para os governos.
Não há vergonha em admitir isso. Tampouco é necessário desviar dessa condição.
O ponto crucial é, obviamente, dinheiro. Quem o tem compra os procedimentos necessários para prover o atendimento. Quem não dispõe dele fica atrelado especificamente ao sistema, que paga – e essa é a queixa histórica – menos do que o valor de mercado, gerando tanto o descredenciamento (a saída) de médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto a indignação.
Longe de ser uma visão simplista, embora leiga, esta é uma constatação de realidade, do que acontece diariamente com as pessoas.
Outro dos maiores problemas é que as tecnicalidades e palavras adequadas dentro das normativas, regramentos e do linguajar peculiar da área de saúde, comprovaram-se ineficazes e ineficientes.
Não adianta colocar a culpa no sistema. Afinal de contas, quem faz o sistema são as pessoas. É uma lógica, um raciocínio que aponta para a necessidade de soluções, pontuais, sem vaidades, sem ofensas, de forma educada, verdadeira, garantindo toda a legitimidade a quem de direito. Tanto ao paciente, como foco maior, passando pelos hospitais, postos, profissionais médicos e técnicos e todos os demais elementos e variáveis que formam esse complexo.

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