Estudante foi expulso do Exército por indisciplina, antes de ir estudar na capital

Reincidência nas chamadas transgressões disciplinares e a progressividade desses atos foram a causa da expulsão de Luan, do EB, oito meses após o seu ingresso

Luan Barcelos da Silva foi expulso da 2ª Bia AAAé, em 2010

Dados da vida pregressa do jovem preso no fim da tarde de sábado, em Porto Alegre, já poderiam apontar indícios dos rumos que a sua vida deveria tomar, apenas alguns anos depois de deixar as fileiras do Exército Brasileiro, por indisciplina. Luan Barcelos, segundo seu ex-Sub-comandante, o capitão Allan Dias Mercês, da 2ª Bia AAAé – 2ª Bateria de Artilharia Antiaérea, atual comandante da OM – Organização Militar, registrou diversas transgressões disciplinares. “Como ele é reincidente em transgressões disciplinares, ele caiu no chamado comportamento “mau” e foi excluído a bem da disciplina, em 2010”, disse o comandante.

Luan Barcelos ingressou no exército em março daquele ano, e em novembro acabou sendo expulso da corporação, depois de ter quebrado as regras. “Muitas dessas chamadas transgressões estavam relacionadas com chegar atrasado, faltar às paradas, coisas normais do dia a dia do soldado. Como ele cometeu diversas alterações e todas elas foram somadas, as punições foram sendo aplicadas. Essa sucessão, como prescreve o nosso regulamento, foi o que o levou a ser expulso. Ao sair do Exército Brasileiro, Luan ficou por um ano sem receber o seu certificado de reservista e impedido de exercer diversos direitos como cidadão, que exigem que sua situação junto à instituição esteja regularizada.

Luan e as armas

Durante o tempo em que esteve no exército, Luan Barcelos passou pelo período de treinamento reservado aos recrutas, inclusive no trabalho com armas. Questionado pela reportagem de A Plateia se o jovem conseguia lidar bem com o material bélico, o comandante da 2ª Bia AAAé, Allan Mercês, disse que o jovem teve as instruções do período básico e passou por todas as fases do adestramento. “Somente na fase de qualificação, no fim do ano, é que ele teve prejuízo. Ele teve instrução, sim, com o fuzil, teve instrução como todo solado do Exército Brasileiro”, disse.

A Plateia: O tempo que Luan serviu ao exército seria suficiente para aprender o modo correto de desferir os tiros que foram dados, e como foram disparados, nas suas seis vítimas?
Cap. Allan Mercês: Isso eu não posso dizer. Sei a instrução que ele teve aqui, mas o que ele aprendeu antes ou depois do Exército eu não sei. Aqui, ele aprendeu o necessário para tirar o serviço e cumprir as missões com o nosso efetivo, como profissional, com o Exército. Qualquer outra habilidade que ele tenha, ou que veio a ter, fica difícil de avaliar. Passamos as nossas instruções, realizamos as atividades, e ele prosseguiu normal até o momento que começou a ter transgressão disciplinar. 

De aluno abaixo da média, a matador de taxistas

Durante um bom tempo, Luan Barcelos esteve entre os estudantes que cursaram as aulas regularmente na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor Chaves. Durante o período em que esteve matriculado na instituição, o menino se destacou por ser problemático, indisciplinado e ser o típico aluno “abaixo da média”. De acordo com dados coletados por fontes ligadas à escola, e que pediram para não ser identificadas, não foram raras as vezes que o então menino Luan Barcelos esteve envolvido em confusões e ia parar na sala da direção do educandário. “Era um aluno que estava sempre metido em brigas, desordem e confusão. Saia da escola sem autorização. Quem trabalhava com ele era a avó, diretamente, e que passava “às agulhas” com o Luan. Sempre foi um aluno polêmico na sua adolescência. Sua vida escolar não foi nada fácil aqui na escola Professor Chaves”, disse a fonte, que garantiu que Luan estudou em torno de três anos na instituição.
Ainda de acordo com relatos, o jovem costumava brigar, tanto dentro, quanto fora da escola. “Depois que ele virou adulto e veio para o EJA – Educação de Jovens e Adultos, ele se acalmou um pouco, já não dava tanto problema e aí depois veio o quartel, e só depois ficamos sabendo que ele foi expulso. Como escola, sempre soubemos que a vida dele não iria ser fácil, mas a esse ponto, não. Temos muitos casos de crianças e adolescentes que têm problemas, mas depois que crescem acabam melhorando. No caso dele, os traços apresentados na adolescência poderiam, sim, apresentar um reflexo dos dias atuais, porque era um menino sem limites. Era um guri que ninguém parava. Era apenas a avó quem o conduzia, e sofria muito.
A gente já nem tinha mais o que dizer para ela. Chegava a um ponto que a gente mandava para casa, suspendia, até que ele deixou. Mas era um aluno sempre abaixo da média em tudo. As repetências eram frequentes”, afirmou.

 

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.