Falta de ousadia ou ensino?

O Brasileiro não ousa. Continua sendo, como afirmam os especialistas, conservador, no que tange a dinheiro. Aprendeu com as lições dos anos 80, de inflação tremendamente alta. Dentre quatro aplicações consideradas pelos especialistas (títulos de renda fixa, títulos do Tesouro, ações e poupança), os analistas sugerem que a poupança seja utilizada para quem vai retirar o dinheiro em até seis meses, os títulos do Tesouro para investimento de até dois anos e as ações para investimentos de longo prazo (cerca de 20 anos), como a aposentadoria, pois o alto tempo do investimento dilui o risco da aplicação.

Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), nos últimos 12 meses terminados em setembro a rentabilidade bruta (sem desconto do Imposto de Renda) dos títulos de renda fixa foi de, em média, 11,85%. As ações do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) renderam, no mesmo período, 14,2% e os títulos do Tesouro Direto tiveram rendimento médio de 18,27% (IMA geral até outubro de 2012). A poupança teve a rentabilidade menor, de 6,70%, mas não exige o pagamento de Imposto de Renda (IR).

Para o próximo trimestre (da segunda quinzena de abril em diante), a expectativa é que a taxa básica de juros permaneça em 7,25% ao ano. Como os fundos de renda fixa e a poupança são atrelados à Selic, eles devem registrar uma remuneração semelhante com a conseguida neste ano. Os títulos do Tesouro atrelados à Selic também devem ter uma remuneração parecida com a conseguida em 2012. Por isso, 2013 não será tão significativo em retorno financeiro a partir dos juros. O mesmo prognóstico se aplica às ações atreladas ao Ibovespa, que devem continuar com o mesmo rendimento desse ano, sem altas expressivas por causa da crise financeira internacional, conforme a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Para quem pretende usar o dinheiro obtido pós abril (período até quando o brasileiro trabalha só para pagar tributos) em investimentos de até seis meses, os analistas afirmam que a poupança ainda é a melhor opção. De fato, poupança é histórica, mesmo rendendo zero vírgula alguma coisa por cento e por isso o melhor é não arriscar. É importante optar por investimentos conversadores, de preferência aqueles nos quais não há cobrança de IR, como a poupança, e que podem ser retirados a qualquer momento, segundo aconselham os economistas.

Em todas essas relações há um elemento que prepondera. O brasileiro não dispõe de educação financeira. O fato é que trabalhar essas possibilidades para uma significativa maioria da população parece, recorrendo-se à História clássica, falar em grego para comunicar-se com escandinavos, ou o equivalente modernamente a fornecer uma explicação sobre teoria quântica para alunos do ensino fundamental.

Quem sabe não tenha chegado a hora de começar a prover orientação financeira nas escolas, desde tenra idade?

Esse é o ponto, o brasileiro, ao não receber educação financeira, para que tenha possibilidades de lidar com seu dinheiro, investindo com grau de confiabilidade mais acentuado ou mesmo com um pouco de conhecimento, acaba não se tornando investidor, preferindo tão somente aquilo que lhe parece seguro e, mais do que isso, registra ideias equivocadas sobre preços, prazos, pagamentos, receitas, enfim. A falta desse alinhamento educacional é, entre outros, motivo principal para o nível de endividamento, para a dúvida sobre o que fazer com as finanças em determinado momento.

Há quem sustente que deveria ser matéria obrigatória desde o fim do ensino fundamental e durante todo o médio, ao passo que a matemática deveria privilegiar a aplicabilidade, com reforço para aqueles que não a dominam.

Especialistas dão dicas, orientam, mas a decisão é de quem detém o capital e os riscos também.

 

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