“Hoje está caindo o Novais. O próximo é o Negromonte”. Deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ) prevendo a queda do ministro das Cidades, Mario Negromonte

MEU BRASIL BRASILEIRO

Não é fácil de entender o Brasil. Vejam bem: nosso país foi escolhido para ser a sede do Mundial de 2014 no dia 30 de outubro de 2007. Quatro anos vão se passar daqui a alguns dias e a infraestrutura básica do evento – estádios, aeroportos e sistema viário – ainda nem deslanchou.

Pelo jeito como é conduzida a política oficial da Copa 2014 não há brasileiro que não desconfie de uma trama planejada exatamente para desembocar no que presenciamos nos dias de hoje. As obras que poderiam ser realizadas à luz da decência e da lei que obriga licitações estão no terreno perigoso da não menos suspeitíssima “urgência” que vai dispensar até mesmo a fiscalização dos organismos controladores de despesas. 

Perguntam os brasileiros: mas o que foi feito nesses quatro anos? Nada que não vá provocar o surgimento de fortunas antes nunca imaginadas. Os estádios, por exemplo, tinham projetos formais e apenas um, o Mineirão, apresentou o projeto executivo com todos os cálculos das obras e até agora sem qualquer aditamento.

Nossos aeroportos confirmam o que todos sabiam: poucos ficarão adequados para receber o turismo do futebol e alguns, provavelmente, terão seus tapumes retirados quando os primeiros admiradores do esporte estiverem desembarcando no Brasil.

Se um contribuinte brasileiro quiser saber quanto vai custar a Copa de 2014 para os governos (federal, estaduais e municipais, todos estão envolvidos) ninguém, mas ninguém mesmo, saberá responder a pergunta com números aproximados. O cálculo poderá ser de R$ 20 bilhões, 30 ou 50. É chute na certa.

Vai aí um dado que poderá oferecer ao leitor desta coluna uma referência para ele mesmo fazer os seus cálculos e concluir o quanto o país poderia ganhar se o custo do Mundial fosse direcionado para a Saúde.

Um moderníssimo hospital com todos os equipamentos exigidos pela Medicina para atendimento nos campos da Obstetrícia, Oncologia, Neurologia, Traumatologia e com 200 leitos poderia ser entregue aos usuários dos SUS pelo valor total de R$ 150 milhões. Só a reforma do Maracanã vai custar R$ 859 milhões! E ela estava projetada para R$ 956 milhões, mas o TCU achou exagerada e imediatamente o preço caiu em R$ 96 milhões. Ninguém ainda foi preso.

Por 15 “bilhõezinhos” de reais (uma merreca para os organizadores do Mundial) o governo poderia fazer 100 hospitais de R$ 150 milhões. Mas o mais irônico e trágico de tudo isso é que os que mais precisam desses hospitais são os que mais aguardam com ansiedade incontrolável o Mundial de 2014. O meu Brasil brasileiro merece o que tem.

MEU BRASIL BRASILEIRO (2)

O ex-jogador Edmundo na noite de 2 de dezembro de 1995, dirigindo em alta velocidade provocou um acidente no trânsito carioca com três mortes. Processado por homicídio culposo ficou apenas 12 horas na cadeia ao ser preso, em São Paulo, neste ano. Nesta quinta-feira seu processo foi extinto pelo STF.

MEU BRASIL BRASILEIRO (3)

O ex-ministro do Turismo, o deputado federal Pedro Novais (PMDB-MA) caiu porque tinha uma empregada doméstica paga com dinheiro da Câmara dos Deputados e também um motorista que levava sua mulher às compras. Antes fizera uma festinha num motel em São Luiz com dinheiro da mesma origem.

MEU BRASIL BRASILEIRO (4)

Um escândalo envolvendo funcionários graduados do Senado apontava milhares de atos administrativos secretos. Um dos responsáveis, Franklin Albuquerque Paes Landin, foi acusado pelo Ministério Público Federal de ser o responsável pela operação. Nesta semana ele se aposentou com todos os direitos e com um salário invejável.

MEU BRASIL BRASILEIRO (5)

O deputado federal Manoel Junior (PMDB-PB) estava na lista para ser o ministro do Turismo. Na reunião que iria decidir pelo seu nome alguém lembrou que ele tinha uma acusação na Paraíba por homicídio. “Rumores da campanha eleitoral”, foi a sua defesa.

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