De crimes e filosofias

O crime, quando intensificado em suas várias formas, coloca em dúvida não apenas as competências e capacidades das forças encarregadas de preservar a lei e a ordem. Põe, perigosamente, em um cadafalso, as instituições. É o que está acontecendo hoje. Após as execuções de pelo menos seis taxistas em Livramento-Rivera e Porto Alegre, acentuam-se as críticas à segurança pública do Estado nas instâncias semi-diretas (Chefia da Polícia Civil e Comando Geral da Brigada Militar) e, mais especificamente, direta: o governador Tarso Genro, esta semana acordado por taxistas desesperados em busca de uma providência para estancar a matança e punir o culpado ou culpados.
Ora, é incitando a dúvida que o crime se perpetua. Será que tem mais alguém na lista de execução? Será que foi mesmo execução? Será que a mortandade em Livramento tem os mesmos motivos que a de Porto Alegre? Será que as ações das forças policiais prévias foram desencadeadoras de uma espécie de “vingança” marginal, matando pessoas de bem? Será que havia envolvimento dessas vítimas com o tráfico – de armas ou de drogas? Será que peixes grandes também cairão? Será que os criminosos ficarão impunes?
Dúvidas, interrogações, dúvidas, perguntas. E, quando repentinamente ninguém espera, explode outro crime, deixando as dúvidas ainda em aberto como chagas, colocando de lado aquelas primeiras execuções.
É o crime beneficiando-se da dúvida.
Dúvida? Palavra complicada, hein! Substantivo derivado do latim dubitare, pode ser definido, segundo alguns dicionaristas e a wikipedia, como uma condição psicológica ou sentimento caracterizado pela ausência de convicção opondo-se à crença/fé e ao saber. Ela é a incerteza ou desconfiança em relação a uma ideia, um fato, uma ação, de uma asserção ou de uma decisão. Para que se estabeleça a dúvida em geral é necessária uma noção de realidade do fato em que existe a suspeita, e isto pode adiar a decisão de ações relevantes ao fato pois podem estar incorretas ou incompletas.
Acompanhe bem o leitor!
Dúvida tende a ser totalmente racional e nos causa a hesitação de agir, sendo necessário aplicar métodos mais rigorosos para procurar eliminar a hesitação.
Racional?
Hesitação de agir?
Aí estão! As críticas ao comando do secretário Airton Michels, da Segurança, mais do constantes na mídia gaúcha – inclusive em A Plateia e RCC FM – tornaram-se corriqueiras. Chegam ao ponto de banais.
A única resposta aceitável seria uma mudança de estratégia, uma ação de comando, determinadora de transformação. Até agora, isso não houve.
Há, tão somente, a retórica. E, tecnicamente, a retórica como conceitua sua própria definição: a arte de usar uma linguagem para comunicar de forma eficaz e persuasiva.
Apenas isso. Na prática, bulhufas!
Agora, o uso da retórica requer cuidados, pois ela caminha com o sofisma. Só para lembrar, em filosofia, sofisma é um raciocínio aparentemente válido, mas inconclusivo, pois é contrário às próprias leis. Também são considerados sofismas os raciocínios que partem de premissas verdadeiras ou verossímeis, mas que são concluídos de uma forma inadmissível ou absurda. Por definição, o sofisma tem o objetivo de dissimular uma ilusão de verdade, apresentando-a sob esquemas que aparentam seguir as regras da lógica.
E do sofisma para a falácia é um pulo. Falaciar é usar de um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na capacidade de provar eficazmente o que alega. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público, apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso.
E não há ma fé nessas definições.
Filosofias à parte, falácias de lado, é tempo de agir.
O Rio Grande exige uma resposta.
Os gaúchos clamam por segurança.
Com a palavra, o governo Tarso Genro.

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