Produtos tradicionais repaginados e novas cores
Mateiras, cuias e chinelos repaginados e em novas cores, para conquistar o público feminino
Consumidores Talita Teixeira e Anderson Cunha, escolhendo alpargatas durante a feira
A Feira Binacional de Páscoa, que começou no dia 23 e prossegue até o dia 30 de março, no Parque Internacional, com uma oferta de produtos elaborados com materiais que vão desde o jornal até o couro, passando pela madeira, tecido e EVA, para agradar os mais diferentes públicos, com um toque de criatividade e bom gosto dos artesãos. Além dos expositores locais, também engrandecem a feira, profissionais vindos de Rosário do Sul, São Gabriel, Pelotas e Campo Bom.
Karina Vieira, com uma das mateiras fabricadas para o público feminino
Há 29 anos trabalhando com artesanato em couro, Francisco Correa, “Chico”, 58 anos, percorreu mais de 600 km, de Campo Bom a Livramento, para participar da feira, e trouxe produtos tradicionais e bem conhecidos dos fronteiriços, porém com uma apresentação nada comum, principalmente os produtos destinados ao público feminino. Quem iria imaginar uma mateira, cuia ou chinelo com motivo de “oncinha”, ou em rosa Pink, ou cobra, tudo em couro eco, produto resistente à água e ao calor.
Ele explica que o material é superior em duração ao couro e mais barato, então lucra mais trabalhando com couro reciclado, 100% impermeável, inicialmente usado na confecção do corpo do arreio e em botas campeiras.
Francisco Correa disse que 80% do mercado de produtos é para os homens e apenas 20% para as mulheres, então está buscando um nicho de mercado que visa atingir as mulheres tradicionalistas, que têm bom gosto, modernas e que gostam de acompanhar as tendências da moda.
Abertura oficial da feira ocorreu na noite de ontem, com shows e atrações
A diferença foi observada por Talita Josiane Teixeira, 27 anos, que achou os produtos diferentes e bonitos, uma vez que “sempre fazem os mesmos modelos”. Já Anderson Cunha, 28 anos, observa: “Cada um tem seu gosto, eu prefiro os tradicionais”. Para a uruguaia Karina Vieira, 39 anos, os produtos fogem do tradicional e dão um aspecto mais descontraído a sua apresentação, além de seguir as novas tendências da moda.
Os produtos confeccionados por Francisco também atendem ao público masculino, mais tradicional. Ele disse que, anualmente, faz cuias personalizadas bordadas com linhas coloridas, com o brasão do Rio Grande e a marca de uma estância de Bagé, e oferece aos clientes nos remates de cavalos crioulos.
O colorido das fitas e das flores
Artesã Ana Maria Pinto
O colorido dos produtos expostos na Feira da Páscoa chama a atenção e está por toda a parte, seja em uma toalha ou mesmo nas flores feitas de EVA, tudo com muita criatividade e bom gosto. As mulheres artesãs vindas de São Gabriel estavam acompanhadas por Regina Freitas, coordenadora da Casa do Artesão da cidade. Entre elas, Ana Maria Carpim Pinto, que faz objetos de jornal, crochê, tricot, além das flores em EVA. A artesã relatou que começou a trabalhar com papel jornal, por acaso, em um dia de necessidade. Depois, aprendeu em revistas e com conhecidos. “Quando se consegue a técnica de enrolar o jornal, se faz o que quiser”, comentou.
Vera e Aline Schimiths, respectivamente mãe e filha, trabalham com bordado em fita e pintura em tecido, uma habilidade que Vera desenvolve há 30 anos. Atividade semelhante é desenvolvida por Jurema Oliveira, que trabalha com trançado em fita, para enfeitar toalhas de banho e de rosto. O grupo também trouxe para a feira biscuit, fuxico, em produtos decorativos e de uso. Para todas é uma fonte de renda e também uma terapia, como definiu Vera.
Para confeccionar trilhos, cobre leito, capa de sofá, a artesã Jorgina Souto Lopes trabalha com um tear de pregos, que resultam em produtos macios, coloridos e de ótima aparência.
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