“Quem anda a cavalo também merece respeito”
![HENRIQUE BACHIO/AP](http://jornalaplateia.com/aplateia/wp-content/uploads/2011/09/p9_20110914_farroupilha_cavaleiros_daniel-300x224.jpg)
Ricado Silveira, Paulo Zazicki, Guilherme Ribeiro Machado e Eduardo Bisso: respeito a quem anda a cavalo
Aceito por uns, criticado por outros, o regramento teria reduzido em 30% a presença de cavaleiros na abertura oficial – dado contestado pela organização, que acusa aumento em relação a anos anteriores.
Foram ouvidos, ontem, cavaleiros que expressaram algumas opiniões. Entre aqueles que estiveram presentes na solenidade de abertura e circulam, pela necessidade de deslocamento, pela cidade a cavalo, há uma divisão: entre os que concordam com o decreto e os que discordam, mas, mais do que isso, há uma convergência: a de que é preciso levar a discussão a uma forma mais ampla para que não apenas os delegados de entidades e patrões possam opinar.
“Por um lado, até acho correto que não se ande a cavalo pela Andradas, pela Silveira Martins, pelos trechos centrais da João Goulart, ou seja, no centro da cidade, mas por outro, precisa haver respeito com quem anda a cavalo e não é baderneiro. Tem uma tradição da gente encilhar de tarde, pegar o filho e sair para visitar amigos nas entidades. Moro no Armour e não posso ir ao Prado?”
A explanação e o questionamento são do tradicionalista Eduardo Bisso, deixando claro que concorda que o fluxo de trânsito está muito maior e se um piquete formar de dois a dois para circular pelas ruas, realmente não há como dar passagem aos veículos, portanto, isso é evitado, salvo em situações de marcha ou cavalgada e em espaços específicos.
“Não deveria ser um perímetro tão amplo e também não deveria haver proibição onde há uma entidade” – diz ele. “Ali na praça Artigas, por exemplo, que é e sempre foi ponto de concentração, o prefeito deveria retirar as plantas e fechar aquele espaço, fazendo um investimento como área permanente da Semana Farroupilha, em que o pessoal a cavalo permaneceria dentro do limite” – sugere Bisso.
“O que não pode acontecer é que quando dois erram, duzentos tem que pagar. Tem gente que vem da campanha, uma vez no ano para passar sete dias na cidade, na tradição gaúcha, na festa que é sua, autêntica” – aponta ele.
Paulo Zazicki acrescenta que foi criada uma mística de que quem anda a cavalo não respeita o trânsito e todo mundo acaba acreditando. Enfatiza que há quem cometa desrespeitos, mas não são todos. Afirma que existem muitos condutores de veículos que não respeitam quem anda a cavalo. “Às vezes, a gente anda com criança, junto e parece que não percebem que têm que respeitar tanto quem anda a cavalo, quanto o pedestre. Não respeitam faixa de segurança, cruzamentos, nem sinaleiras. Buzinam, xingam, cruzam por onde não devem e dirigem de forma perigosa para si próprios e, principalmente os outros, mas complicam é com quem vivencia a tradição do gaúcho, andando a cavalo” – afirma.
Ricardo Silveira, que trabalha na campanha, faz um registro que considera importante: “estão esquecendo que tudo isto aqui foi feito a pata de cavalo. Nossa Pátria foi feita a pata de cavalo e estamos seguindo essa tradição”.
Silveira, com a anuência dos companheiros, afirma que tradicionalista respeita todo o mundo e merece ser respeitado por todos, inclusive em seu próprio meio.
“Parece que não sabem que tem gente que vem exclusivamente para desfilar ou ir nas entidades, a cavalo. Isso mexe também com a economia, pois, para cuidar dos cavalos se tem despesa todo o ano e, mais do que isso, neste período, essa despesa se acentua, porque todo mundo quer seu animal nas melhores condições” – refere. “Proibindo a circulação em trajeto tão grande, também estão impedindo que circule dinheiro na cidade”.
O jovem Guilherme Ribeiro Machado, de 9 anos, bem a vontade sobre o lombo, a companhou todo o diálogo dos companheiros com a reportagem, concordando, com movimentos de cabeça, com os argumentos sobre a necessidade de reduzir o perímetro.