Homus publicus

O discurso é uniforme no governo recém iniciado, com pouco mais de 2,5 meses agora: que a comunidade tenha paciência, pois o trabalho está acontecendo. E a cidadania está empolgada, pois muitos, acreditando no novo governo, põem a mão na massa e começam a fazer o que a cidadania pode (e deve fazer, se assim entender): apoiar, mesmo que seja carpindo a frente de sua casa, roçando o terreno do lado ou limpando sua calçada. É a manifestação necessária, pois um governo deve sempre estar próximo de seus cidadãos, assegurando-lhes a informação a fim de gerar a compreensão de que precisa. Fruto disso, claro, a tolerância, pois as pessoas, a cidadania, entendem que é preciso dar tempo para Glauber, Edu e seu time de secretários. Porém, há um ponto que precisa ficar claro: se houver algum dos elementos do governo que não tenha a compreensão e o entendimento de que a crítica, a demanda, faz parte da vida cotidiana do homem público, pode se considerar fora de qualquer estratégia no serviço público.
É fundamental que quem se aventure na seara da política pública, tenha a compreensão de que é direito e dever do cidadão reclamar, assim como é dever e direito do homem público receber a demanda e providenciar solução. Da mesma forma, é essencial entender que não há como qualquer gestor esteja alijado da população. Não existe homem público de gabinete: tem que andar e conversar com as pessoas, como o próprio prefeito Glauber faz e sempre fez; assim como seu vice, Edu.
Para o exercício da função pública, não adianta torcer a sobrancelha quando chega uma crítica, tampouco adianta se achar mais do que se realmente é, sobretudo em funções menores nos escalões de governo. Buscar a centralização como elemento de fazer os demais pensar que o centralizador é importante é, no mínimo, burrice. Quem assume uma função pública tem que entender que ele/ela é/são servidores da população 24 horas, portanto, de nada adianta desligar o telefone ou inventar reunião após reunião para que o tempo passe sem que exista o contato. Mais ainda, é dever, obrigatoriedade, ouvir, especialmente todos os demais escalões hierarquicamente inferiores.
Afinal, que chefe, diretor ou comandante que não deseja “ganhar” a tropa que pretende comandar?
Seria muita vaidade e falta de discernimento falar em gestão pública dessa forma. Cargos em comissão, os famosos cargos de confiança, precisam entender que são passageiros, enquanto quem realmente permanece é o servidor de carreira, o qual precisa estar permanentemente sendo ouvido.
A capacidade de arregimentação das forças é outro elemento que pode ser transformador, com capacidade de geração de mudanças a partir do somatório de esforços e diante da inviabilidade financeira. Essa capacidade em alguns momentos, confunde-se com liderança, mas pode ser encarada como uma atitude pontual, antes de mais nada, galgando escalas até que se consolide como postura de líder.
Se há um problema, não adianta ficar esperando que alguém mande ou peça para resolver. Ir lá e resolver é dever de ofício.
A solução deixa de lado o desentendimento, a alegação de incompatibilidade. Natural que seja assim, pois há uma comunidade reprimida em seus desejos de desenvolvimento, progresso, qualidade de vida, saúde digna, atendimento humanizado nas repartições públicas, qualificação crescente para buscar realização pessoal, profissional e familiar. É todo um contexto significativo em que aspirações individuais e coletivas acabam se mesclando inclusive no procedimento de cobrança ao gestor.
O principal restritivo, obviamente, chama-se dinheiro, pois a falta dele é, de fato, a razão para que não sejam colocadas em prática as medidas necessárias para satisfazer a população. Mas, isso tem um tempo de tolerância, portanto, será de extrema importância a capacidade mesclada (técnica projetar, metodológica de captar e política de articular a destinação) a fim de concretizar a entrada de dinheiro no caixa para que possa ser usado. Esse é um ponto, importante, mas não vital.

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