Papa Chico

Quando a fumaça branca saiu da chaminé, ninguém poderia imaginar que seria um latino americano, mais propriamente um argentino, o herdeiro do trono de Pedro. O conclave elegeu o cardeal Jorge Mario Bergoglio, argentino, como novo Papa, sucessor de Bento XVI à frente da Igreja Católica Apostólica Romana, contrariando as famosas apostas das casas especializadas de Londres e as previsões que apontavam para três – um italiano, o brasileiro Odilo Scherer (gaúcho) e um norte-americano. O fato é que, na prática, o mundo externo ao Vaticano não imaginava, mas, ao que se soube depois do conclave, Francesco Primo – Francisco Primeiro já é figura conhecida e reconhecida pelos cardeais, pelas posições e postura. Por um lado, é possível entender que a concordância foi difícil, pois a política da Igreja não funciona da mesma forma do que se entende como política. Reúne questões mais complexas do que se possa imaginar, que vão desde a fé, a teologia, os históricos e convicções individuais, às relações humanas, entre uma série de outros elementos.
Foi o papa de consenso? É possível, pois mesmo os especialistas em Vaticano e Igreja Católica foram supreendidos.
O nome do escolhido pelos 115 cardeais foi anunciado pelo mais velho dos cardeais-diáconos, o francês Jean-Louis Tauran. Bergoglio, de 76 anos, escolheu se chamar Papa Francisco, em uma alusão a São Francisco de Assis. Francesco Primo, ou simplesmente Francesco? Em tradução livre, Francisco. Ou, se fosse brasileiro, seria, obviamente apelidado Chico. Chico, em espanhol é uma forma de dizer criança. Juventude e esperança traduzidas em uma interpretação do nome.
Mesmo de idade avançada – contrariando a expectativa de que seria escolhido um papa com pelo menos 10 anos menos – a tendência é de que a escolha foi boa, para a própria Igreja, para os católicos, para as relações diplomáticas e, obviamente, para a política.
A decisão surpreendeu, sim, pois o argentino, citado inicialmente, não aparecia nas últimas listas de favoritos, que incluíam o brasileiro Dom Odilo Scherer e o italiano Angelo Scola.
O novo pontífice apareceu na varanda central da Basílica de São Pedro para dar sua primeira bênção Urbi et Orbi (para a cidade de Roma e para o Mundo). Em vez de abençoar, primeiro, pediu, com humildade, para ser abençoado. Na breve aparição, ele agradeceu ao Papa Emérito Bento XVI e pediu orações para seu pontificado que se inicia.
O novo Papa assume com a função de manter a unidade de uma igreja que, nas palavras de seu próprio antecessor, está dividida e imersa em crises.
A fumaça branca apareceu por volta das 19h08min. locais (15h08min. de Brasília), e foi recebida com festa pela multidão que tomava a Praça de São Pedro. Os sinos da Basílica de São Pedro tocaram.
Tudo isso muito cheio de simbologias. É verdade.
Assim como é possível analisar, mesmo que superficialmente, as escolhas e os sinais como elementos que podem remeter ao procedimento a ser adotado pelo papa de número 266. Talvez possa se compreender seu papel como o de um facilitador, alguém que tem experiência e força física suficiente para levar adiante as reformas tão faladas e que somente os católicos podem avaliar se, realmente, traduzem uma necessidade ou, se, de fato, são a única fonte de resgate do catolicismo.
Ratzinger, o papa emérito, deve estar avaliando, em Castel Gandolfo, o que virá. Certamente, satisfeito pelo fato de ter sido escolhido alguém que também é um mistério, pelo menos para o mundo fora dos muros do vaticano e não está, pelo menos, ao que a mídia italiana e vaticanista, tenha anunciado como escândalos de pedofilia e corrupção, sumiço de dinheiro e impropriedades administrativas.
O que virá, pós habemus papam, somente o tempo dirá.
Ou, para usar o ditado popular de fé católica: “Deus escreve certo por linhas tortas”.

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