Equívocos de conchavos partidários

Acabamos de contemplar dois exemplos bem acabados das distorções resultantes do atual jeito de fazer política no Brasil.
Se é que se pode atribuir o termo política a isso tudo. Não é essa, certamente, a Política com inicial maiúscula, de que se ocupam, desde Aristóteles, filósofos, estudiosos e pensadores, para defini-la como ciência e arte.
O primeiro episódio ocorreu da necessidade de se acomodar na Esplanada dos Ministérios o PSD de Gilberto Kassab, hoje uma importante força política.
Para isso, e para não desagradar aqueles que já estão instalados na Esplanada, o Senado acaba de aprovar a criação da Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa, com status e orçamento de ministério.
Assim, o número de ministros do atual governo sobe para 39, o que é alguma coisa absolutamente injustificável. Pode ser cômodo para a Presidência da República mas é um ônus enorme para o país.
As micros e pequenas empresas representam muito para a economia do país, inclusive na geração de empregos, mas daí a cria-se um ministério especial vai enorme distância.
Uma política adequada de preservação e estímulo às empresas de pequeno porte não seria de competência do Ministério do Desenvolvimento ou quem sabe da Secretaria de Assuntos Estratégicos?

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Já a indicação do pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal atinge as raias do absurdo.
Por reiteradas declarações anteriores, contra minorias, especialmente contra homossexuais e negros, Feliciano tem sido motivo de protestos irados desses grupo, inclusive movimentos de rua.
E como ele chegou lá?
De acordo com os critérios estabelecidos para a ocupação de cargos na Câmara dos Deputados, a Presidência da Comissão de Diretos Humanos coube ao PSC. O partido indicou Feliciano e o nome foi aprovado por maioria dos membros da Comissão.
É possível que a decisão seja revista, diante dessa reação das minorias, sabidamente atuantes e bem estruturadas. Um dos cartazes dos manifestantes contra Feliciano dizia “Amaldiçoado é o seu preconceito”, como resposta a uma das declarações mais lembradas do deputado, feita em 2011: “Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé”.
Conchavos e acertos partidários, como se vê, podem resultar em equívocos desastrosos.

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O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, de quando em quando, deixa transparecer o seu temperamento explosivo, tantas vezes visto ao vivo pelos brasileiros durante o julgamento do “mensalão”, quando ele foi uma figura estelar.
O mais recente episódio ocorreu quando foi abordado por um repórter do jornal O Estado de São Paulo e ele respondeu, embravecido:
- Me deixa em paz, rapaz. Me deixa em paz. Vá chafurdar no lixo como você faz sempre.
Sua assessoria, mais tarde, emitiu um nota em que o presidente do STF pede desculpas pelo ocorrido.
O mais adequado é que tivesse feito isso pessoalmente.

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