Clínicas brasileiras protestam com tarjas pretas no dia mundial do rim

Em Livramento, além do protesto, também ocorre uma campanha preventiva sobre a doença

O dia mundial do rim (14 de março) será marcado nacionalmente por protestos e pelo dia de luto para a Nefrologia do Brasil.

Segundo informações da coordenadora de qualidade da Cardio Nefroclínica, Juliana Freitas, a clínica estará aderindo à campanha nacional, e os colaboradores estarão usando uma tarja preta em protesto ao descaso nacional. “As clínicas estão sucateadas pela falta de investimento e apoio dos governos. A situação em Livramento só é diferente porque estamos adotando uma gestão eficiente e com qualidade”.

O diretor da Cardio Nefroclínica, Dr. João José Freitas, destaca que os serviços de diálise de todo o Brasil pedem socorro. “É importante informar à população e a todos os governantes dos riscos que corremos pelo descaso. A Sociedade Gaúcha de Nefrologia e o Cremers se reúnem, hoje, para discutir e denunciar o descaso do governo com a situação, que põe em risco a população”.

Atualmente, a Cardio Nefroclínica mantém 80 pacientes crônicos em tratamento de hemodiálise, dos quais, 80% são oriundos do SUS-Sistema Único de Saúde. Este grupo, com pacientes também de outras cidades, realiza sessões de quatro horas, três vezes por semana.

Conforme informações disponibilizadas pela Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante, clínicas de hemodiálise que atendem cerca de 100.000 mil pacientes renais, estão há 48 dias sem receber pagamento da Nefrologia. O Fundo Nacional de Saúde não tem recursos para fazer o depósito da competência janeiro/2013, que deveria ter sido liberado no início de fevereiro.

Cerca de 600 clínicas estão sem dinheiro para pagar folha de pagamento, impostos, insumos e medicamento. No Brasil, cerca de 10% da população tem algum comprometimento renal. O diabetes e a hipertensão arterial são as doenças que mais comprometem o trabalho dos rins.

No caso de perda irreversível da função renal, a diálise e o transplante são as alternativas de tratamento. Dezenas de milhares de pessoas têm a sua vida preservada graças a essa terapia de substituição renal. “Essas mesmas clínicas, que nesse dia teriam que estar promovendo a data com medidas de promoção de saúde renal, na verdade estão preocupadas exclusivamente com sua sobrevivência, já que estão à beira da total insolvência econômica. As dificuldades encontradas pelas clínicas de diálise provêm dos parcos recursos designados pelo Ministério da Saúde para pagar o tratamento. Isso acontece há anos, e chega agora num patamar tal, que não há como manter funcionando esses estabelecimentos, já que o valor que é pago mal cobre os custos dos procedimentos, sem contar os infinitos atrasos nos repasses das verbas que vêm de Brasília para os municípios que oferecem tratamento dialítico a sua população.

As clínicas estão todas endividadas, com impostos atrasados, em processo falimentar. Não há, em razão disso, nenhum motivo para comemorações. Há, sim, um desalento total, já que o descaso crônico do governo federal com a saúde do País como um todo, e em especial com a diálise, não permite mais esperanças de que soluções sejam encontradas no curto, ou no médio prazo. Pacientes, médicos, enfermeiros e pessoas relacionadas de alguma forma à diálise estarão usando, nesse dia, uma tarja preta no braço, em sinal de luto e protesto contra a situação vigente. Se nada for feito, vidas poderão ser perdidas.”

 

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