O DEPUTADO E AS MINORIAS

A polêmica em torno do deputado Marco Feliciano (PSC-SP), eleito para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara é apenas mais um sintoma de intolerância dos chamados “movimentos sociais”. A mobilização quase nacional contra a eleição de Marco Feliciano assenta-se sobre a premissa de que ele é homofóbico, racista e despreparado para o cargo.

O deputado Marco Feliciano não é homofóbico como querem os tais movimentos sociais, ele é contra o casamento gay, mas sequer isso poderá ser examinado na comissão que preside, uma vez que o STF já considera a união entre pessoas do mesmo sexo igual à união entre homens e mulheres. Ser contra o casamento gay é tão legítimo numa democracia, como defendê-lo.

Homofobia é palavra nova que nem está registrada no clássico Aurelião, mas consta em outros dicionários como o Houaiss cuja definição é bem simples: “substantivo feminino, rejeição ou aversão a homossexual e a homossexualidade” Marco Feliciano, além de deputado é pastor evangélico e o que ele prega nos encontros religiosos diz respeito apenas ao seu rebanho de fiéis e não aos destinos do Parlamento brasileiro.

Como deputado, sua função é presidir uma comissão técnica da Câmara para a qual ele foi eleito democraticamente e seu nome indicado pelo PSC, partido que integra o acordo que elegeu Henrique Alves (PMDB-RN) presidente da Casa.

O deputado Marco Feliciano também não é racista apenas porque tuitou uma interpretação bíblica sobre a maldição de Noé a um de seus netos, Canaã, filho de Can. Os filhos de Canaã seriam “servos dos servos”. A única prole amaldiçoada seria a descendência de Canaã, cujos filhos eram brancos, os cananeus. Na mesma Bíblia, os povos negros descendem de outros dois netos de Noé, filhos de Can, Cuxe e Pute, que não foram amaldiçoados.

Qualquer leitor da Bíblia sabe essas diferenças e Marco Feliciano também destacou isso no tweeter, falando de africanos descendentes de Noé amaldiçoados. Africano não quer dizer que quem nasce lá seja negro. Há africanos loiros e de olhos azuis, dependendo da sua ascendência e a África do Sul e o Zimbábue provam isso em sua população.

Uma bobagem dita e, sobretudo, mal interpretada, pode gerar a intolerância que se vê agora com o deputado Marco Feliciano. Se o parlamentar do PSC não é simpático e diz coisas desagradáveis para alguns ouvidos, isso não lhe tira a legitimidade de presidir da CDHM, aliás, Comissão que foi desprezada pelo próprio PT que a presidira por longos 16 anos.

Ainda sobre a última acusação que os “movimentos sociais” fazem contra ele: responde a dois processos no STF, um por estelionato e outro por homofobia. O primeiro diz respeito a um encontro que ele faltou em São Gabriel (RS) e a organizadora do evento quer ressarcimento das despesas. O segundo é por homofobia, denunciado pela Procuradoria Geral da República exatamente pela sua postagem a respeito da passagem bíblica por Noé e seus descendentes.

Para encerrar: o mais interessante nessa movimentação toda dos movimentos sociais é que não há nenhuma mobilização social para retirar da Câmara dos Deputados, colegas de Marco Feliciano também indiciados e até condenados pelo STF. Nesta terça-feira, o PSC decidiu manter o deputado Feliciano no cargo, não se deixando pressionar pelos “movimentos sociais”. Este colunista não concorda com as posições políticas do deputado Marco Feliciano, mas ele tem o direito de expressá-las.

OS COLEGAS DE FELICIANO (1)

O novo presidente da Comissão de Finanças e Tributação, João Magalhães (PMDB-MG) responde a três inquéritos no STF: peculato, tráfico de influência e crime contra o sistema financeiro. Há 11 inquéritos civis no MP de São Paulo para apurar as ações do deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) quando secretário da Educação. Ele é o presidente da Comissão de Educação. Os deputados condenados José Genoino (SP) e João Paulo Cunha (SP) são membros da comissão mais importante: a de Constituição e Justiça.

OS COLEGAS DE FELICIANO (2)

As novas lideranças da Câmara e do Senado começam o ano legislativo debaixo de mau tempo. Oito líderes no Senado e seis na Câmara respondem a mais de 40 investigações no Supremo Tribunal Federal. Além disso, três deputados e seis senadores que têm cargos nas mesas diretoras são alvo de investigações, segundo o colunista Edgar Lisboa, do “Jornal do Comércio”.

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