Rogério Mendelski

A frase já perdeu efeito faz algum tempo – “de barriga de mulher, cabeça de juiz e fundo da urna, espera-se tudo” – depois da ecografia e da pesquisa eleitoral e, dependendo do juiz e de sua biografia, taqmbém é possível de se prever uma sentença.

No entanto, de uma urna ainda não se pode fazer qualquer previsão, pois não há pesquisas prévias entre os eleitores e muito menos boca de urna. Estamos falando da eleição do novo papa, cujos eleitores se trancam numa sala fechada a chave, daí o nome conclave, com chave na tradução do latim.

Tudo o que existe em torno de nomes que podem ser o sucessor de Bento XVI é apenas palpite ou, quando muito, especulações através de perfis dos candidatos mais midiáticos. São 115 eleitores de um total mundial de 153 cardeais. Todos estão em Roma e qualquer um deles pode ser escolhido, mas somente 115 votam por causa da idade – menos de 80 anos.

É aí que entra o Brasil com o nome de Dom Odilo Scherer, gaúcho de Cerro Largo, e com uma biografia típica de famílias descendentes da imigração européia, com destaque aqui no RS para alemães, italianos e poloneses. Os colonos imigrantes, todos com família numerosa, só encontravam um modo de tirar seus filhos da lavoura e da sina de continuar trabalhando de sol a sol.

Os homens iam para o seminário e as mulheres para o convento. Dom Odilo seguiu essa trilha e realizou-se como um homem profundamente religioso na carreira sacerdotal. A mesma história serve para outros cardeais com sobrenome estrangeiro: Dom Vicente Scherer e os primos Dom Aloísio Lorscheider e Dom Ivo Lorscheiter, este bispo e aquele cardeal.
Dom Odilo nasceu em uma família de 13 filhos, de pais descendentes de alemães radicados no interior do Rio Grande do Sul. Desde cedo, demonstrou vocacão para o sacerdócio, estudando no Seminário São José, em Toledo, no Paraná, no Seminário Menor São José, em Curitiba, e na Faculdade de Educação da Universidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul.
O cardeal é formado em Teologia, no Studium Theologicum da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, é mestre em Filosofia e doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Dom Odilo domina vários idiomas, entre eles alemão, italiano e latim.
O cardeal gaúcho é “papável”? Sim, o seu nome começou a ser comentado entre os especialistas em Vaticano e a missa celebrada por ele, domingo passado, na Igreja de Sant’Andrea, no centro de Roma, mostrou essa tendência. Para a imprensa estrangeira, Dom Odilo está entre os mais cotados para suceder o papa Bento XVI. Repórteres, fotógrafos e cinegrafistas italianos, espanhóis, portugueses, norte-americanos e canadenses lotaram o templo para assistir o ato religioso

No entanto, essa preferência que aumentou nos últimos dias, é somente mais uma especulação dos analistas dessa original e secular eleição que continua misteriosa com o que vai para fundo da urna e se transforma em fumaça, o mais antigo painel eleitoral que dá o resultado do conclave e cujo eleito aparece logo após na sacada mais famosa do mundo.

BOM PARA O BRASIL

Se Dom Odilo Scherer for escolhido, o Brasil e, especialmente, o RS, se tornarão assunto na mídia internacional e o município de Carro Largo será pequeno para abrigar tanto jornalista estrangeiro. Vamos torcer pelo “nosso” cardeal.

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