O Bom, o Mau e o Feio

O leitor pode pensar que o título é um plágio do famoso filme da trilogia dos dólares, um dos clássicos western espaguetti do velho oeste norte-americano, mas produção italiana que entrou para o rol dos clássicos com o realizador Sergio Leone e estrelado por Clint Eastwood e Eli Wallach. No Brasil, o nome dado foi “Três Homens em Conflito” e a música incidental é algo impressionante. O filme, no título original, enfoca o bom, o violento e o preso, mas a denominação de O Bom, o Mau e o Feio, em tradução livre, parece mais adequada. Bom, mas não se trata de plágio. A questão remete diretamente à Venezuela, ao Chavismo, às chamadas viúvas do ditador/eleito.
Hugo Chavez morreu e deixou um legado que, nem de perto, política e carismaticamente pode ser comparado ao “picolé de chuchu” Maduro, o qual, na prática, ainda está muito “verde para administrar”.
Chaves foi um ditador. Um personagem folclórico. Um revolucionário às avessas, como se Mr. Bean (o comediante interpretado por Rowan Atkinson) quisesse, de uma hora para outra, assumir o papel do James Bond, o 007 à vera. De fato, Chaves foi uma figura ímpar.
Fez um “gol” em Lula no que diz respeito à parceria para a construção de uma refinaria, durante o mandato de Luiz Inácio como presidente; quis “levar no peito” o rei a Espanha e vários líderes mundiais, emudecendo ao ouvir: “Porque no te callas?” do rei espanhol.
A herança de Chaves rende. Politicamente, ao que parece, ele não era tão vilão quanto alguns grupos imaginavam. Igualmente, não era o revolucionário bolivariano que queria pintar.
Foi um ditador bom para quem apoiava seu governo – do contrário não seria foco de tanto choro e comoção de parte das pessoas nas ruas de todo o país. Mas, foi tirado para seus opositores.
Fez da Venezuela o que quis. Mudou Constituição, mandou e desmandou nas forças armadas, apoiou e recebeu o apoio de figuras que, liderando países belicosos, como o Irã de Ahmadinejad, despertaram a fúria dos norte-americanos, por exemplo.
Mas Chaves soube lidar com os ianques. Afinal, ele, fazendo um discurso anti-imperialismo, culpando os americanos de tudo, até do clima na Venezuela, continuava negociando com eles, a ponto de os Estados Unidos permanecer como o país que mais petróleo importa da Venezuela. Como o cachorro que morde a mão do dono, Hugo Chaves, por várias vezes, tentou conseguir a projeção mundial para consolidar-se como uma liderança nas Américas. Não conseguiu.
Como governante, cumpriu um papel que ainda deixa muitas dúvidas. Como revolucionário, sequer conseguiu aproximar-se de um clone de seu maior ídolo, Simon Bolivar.
Como populista, foi herói e anti-herói ao mesmo tempo, sem, necessariamente, incorporar esses rótulos e, tampouco deixá-los de lado.
Deixa a existência terrena da mesma forma espalhafatosa que ingressou, com o frustrado golpe de Estado quando ainda era militar da ativa.
Hugo Chavez manteve a hegemonia de seu governo de forma a ser julgado pela história sem a imparcialidade necessária. Há quem goste dele, há quem não; há aqueles que o consideraram bom, outros, entretanto, o julgavam mau, mas, na prática, evocando o título do filme que rotula este Editorial, na prática, Chavez parece mais o Feio.
Despede-se da Venezuela que, de uma ou outra forma, modificou, com essa constatação, cancelando uma perspectiva que parecia avizinhar-se em seu país: a de perpetuação no poder, como fizeram os dois Castro em Cuba.
Gaita de boca ao fundo…

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