O fim da miséria

A presidente Dilma Rousseff anunciou a ampliação do Plano Brasil sem Miséria em cerimônia no Palácio do Planalto. Até aí tudo bem, pois é um projeto que realmente tem fundamento, embora, não tenha o alcance que se desejaria – inclusive por desinteresse dos próprios integrantes do elemento público-alvo. A intenção do governo é retirar 22 milhões de brasileiros da miséria, um desafio ousado a partir da constatação de que não existe, por mais cientificidade que seja aplicada, uma ideia precisa do que é a realidade dos miseráveis, haja vista inclusive as condições de saúde, estado mental, entre diversas outras variáveis, como distâncias, localizações, que precisariam ser consideradas para que um levantamento chegasse próximo da precisão.

É fato, boa vontade há. Mas o Brasil ainda precisa avançar muito se realmente quer trazer para o mercado consumidor esses 22 milhões – os quais podem ser, em verdade, em número maior, ou menor.

A presidente também deverá assinar Medida Provisória garantindo um complemento em dinheiro para 2,5 milhões de pessoas com renda per capita inferior a R$ 70, patamar para enquadramento na faixa de extrema pobreza. Essa é uma questão delicada.

O próprio Bolsa Família é muito bom, sob determinados pontos de vista. Imagine. Permitiu que alguns brasileiros realmente paupérrimos, em situação calamitosa, pudessem ter alimentação. Gerou a possibilidade dos realmente pobres comerem, terem suas refeições.

Mas…

O programa é bom, mas não é um estimulador de novas possibilidades. Não faz com que exista a busca da superação da adversidade e, em alguns casos, acaba estimulando até outras questões, como a alta natalidade e a inapetência pelo trabalho.

Não se trata de apresentar contrariedade ao Bolsa. É reconhecível que permite acesso ao alimento para crianças, idosos e pessoas das mais variadas idades, da mesma forma como estimula ao estudo, ou, pelo menos a permanência na escola. Mas, não significa que tenha que ser um programa para sempre. Especialmente em um país onde passagens de ônibus servem como moeda de troca.

Há diversas questões que estão por trás do programa Bolsa Família. Há situações de donos de armazéns que ficam com os cartões dos beneficiários e as senhas, recebendo o benefício por eles, em troca das compras que fazem no mês. Há, com o dinheiro na mão, alguns beneficiários que adquirem cigarros e cachaça. Há quem prefira ficar em casa tomando chimarrão com a térmica debaixo do braço, às 16h, do que capinar um pátio ou ajudar numa colheita, afinal de contas, a “grana” da erva e da “bóia” estão garantidas.

É inegável o benefício do Bolsa Família para, sobretudo as chefes de família, com seus filhos, fazendo com que elas, que administram o dinheiro muito melhor do que os homens, tenham condições de fazer render e, se impulsionadas, sim, tem condições de deixar a condição de miséria.

O Brasil precisa repensar a triagem que o Bolsa Família precisa ter. Afinal, esses gargalos existem e necessitam de correção, até mesmo para que exista a inclusão de outras pessoas que estão, ainda, na lista de espera, beirando a situação de miserabilidade total. Essa é uma evidência que necessita atenção.

Para erradicar a miséria e terminar com a fome é preciso avançar, com o aparato estatal estimulando a produção e retirando da miséria, mediante triagem, aqueles que realmente precisam dos recursos do Bolsa Família, pois muitos – segundo indicam os dados do Cadastro Único – que foram buscar o programa Minha Casa, Minha Vida, no cruzamento de dados, beneficiários do programa Bolsa Família, acabaram sendo flagrados em inverdade, quando declararam receber mais do que constava no cadastro anterior. Ou mentiram quanto ganham de fato, ou tentaram alegar mais do que podem na tentativa de adquirir uma casa no programa da Caixa.

 

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