Libelo

A revitalização das coisas de Sant’Ana impera. Não espera. Não pode esperar mais. Entretanto, independe de uma formalização de proposta. Tem-se que deveria estar incorporado como dever de cidadania o voluntariado para ter a disponibilidade mínima a fim de preservar e conservar parque, praças, monumentos, etc. Sociedade civil organizada e municipalidade têm a obrigação, conjunta, de promover a conservação da cidade, seja do parque, praças, vias, iluminação, placas, partindo dos exemplos mínimos, como não jogar latas, copos e caixas no chão – procurar uma coletora próxima e ali depositar o lixo -, abandonando a referência mental que força a descartar aquele determinado objeto em via pública.

O parque Internacional e a Biblioteca Pública Municipal Ruy Barbosa constituem patrimônios santanenses, tendo completado, ontem, 70 anos e suas condições são bem aquém daquilo que se poderia esperar. No parque, os servidores da Secretaria de Serviços Urbanos passaram a segunda e a terça cortando grama, passando cal e colocando bancos, assim como os uruguaios promoviam a questão da melhoria na iluminação.

O fato é que em curto espaço de tempo, o parque, se não contar com os procedimentos de conservação e vigilância, voltará ao que era: marcado pela grama que faz sumir parte do petit-pavé (pronuncia-se peti pavê e significa, basicamente, pequeno pavimento), pela falta de corte após a incidência de chuvas; o próprio petit cedendo lugar a areia – remanescente do antigo Areal, talvez; desgramação em função do uso dos canteiros para atalhos de transeuntes, bancos quebrados pela ação funesta dos vândalos e desocupados; postes e luminárias, lâmpadas e fiação – o que não está quebrado foi levado e o que ainda resiste está exposto.

De nada adianta o discurso de resgatar se não houver fiscalização, haja vista o significativo número de desocupados, moradores de rua, drogados, pedintes e toda uma série de párias sociais que orbitam em torno do parque Internacional, fazendo abordagem inconveniente das pessoas e, alguns deles, até promovendo badernas e assaltos à noite. E essa fiscalização não pode ter horário de expediente, o parque, assim como as praças, precisa de zeladoria 24 horas. O que não é vigiado se deteriora. É assim, contrariando a vontade de uma maioria, mas, essa é a verdade e enquanto não houver essa compreensão, de pleno, o que for feito será desmanchado caso não conte com o olho e a voz contrários a atitudes descabidas.

O mesmo pode ser dito em relação à estrutura física da Biblioteca Pública Municipal Ruy Barbosa, que, inclusive, nos últimos anos, já foi alvo de arrombamento, além de outros problemas estruturais. Quem sabe o Águia de Haya possa “falar” sobre o local que leva seu nome, em tom de advertência: “Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado”! Barbosa também diria, para resgatar a Biblioteca, que “não é a terra que constitui a riqueza das nações, e ninguém se convence de que a educação não tem preço”.

Sant’Ana do Livramento, em essência – se analisado o contexto histórico – começa a registrar imparidade a partir da constatação de que muito há para fazer em simultâneo com a vontade de fazer – e isso não parte apenas da municipalidade, mas começa a brotar também na cidadania, nos exemplos que esta dá. Não significa, obviamente, que no passado recente não houve vontade de fazer, absolutamente.

Significa, por raciocínio, que há a perspectiva – que advém de vários fatores, como a percepção de uma maioria de que a cidade não pode mais continuar como está – e precisam ser criadas as formas, os mecanismos para concretizar as aspirações daqueles todos quantos desejam que as transformações sejam visíveis e duradouras.

 

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