O mundo que criamos para nós

A natureza faz a criatura e a criatura, com sua inteligência e suas idéias, constrói o mundo no qual pretende viver.

Conversando com um amigo que hoje é livreiro em Porto Alegre, e como engenheiro civil participou da construção da estrada transamazônica, ele se reportou a um fato que bem ilustra o poder da natureza.

Na medida em que a sua equipe de trabalho ia abrindo caminho por entre a selva, a mata ia voltando a crescer e a invadir a estrada de chão com incrível e impressionante rapidez. Ou seja, enquanto eles procuravam construir uma estrada no meio da selva, destruindo o mundo natural, a natureza ia se auto-regenerando.

Quem já viu brotarem as flores num pé de pessegueiro?

Quando eu tinha cinco ou seis anos, no pátio da minha casa, durante uma neblina, o sol surgiu de repente, e também um arco-íris, e nesse instante, olhando para o quintal, vi as flores começarem a brotar num pé de pessegueiro.

Muitos anos depois, recordei esse fato quando vi a mesma coisa acontecer no filme “Sonhos”, de Akira Kurosawa, que recomendo a quem já viu olhar de novo. Nesse filme o mestre do cinema japonês reproduz alguns de seus próprios sonhos.

Segundo a teoria espírita, antes de entrarmos na existência física, escolhemos a nossa família, o lugar, o tipo de vida e as provas que iremos enfrentar.

Segundo a filosofia grega, “o homem é o que pensa”.

E também poderíamos acrescentar, por via de conseqüência, que o homem é o que ele faz de si mesmo.

Então praticamente somos nós que criamos o nosso próprio mundo, bom ou mau, através do pensamento, da nossa imaginação, de nossas idéias, da nossa vontade, do nosso estudo, do nosso trabalho, de nossas palavras e atitudes.

Criar um mundo pessoal é como construir um complexo habitacional e um modo existencial. E desse complexo faz parte o nosso próprio corpo, domicílio natural e biológico, no qual habitamos por algum tempo como seres espirituais.

Na construção desse mundo pessoal, com todos os seus elementos constitutivos, se conjugam fatores como educação, relacionamento humano, instrução, estudo, informação, trabalho, comunicação, sociabilidade, negócios, oportunidades, bom senso, otimismo, economia, responsabilidade, crença, religiosidade ou filosofia de vida.

Se falharmos em alguns desses aspectos, e esse mundo começar a ruir, reconstruí-lo exigirá um custo e algum sofrimento. Mas neste caso, com boa vontade e iniciativa, receberemos a ajuda necessária, intuitiva e material, que virá de um modo inesperado, de algum lugar.

Como também podemos deixar tudo como está, e que a Mãe Natureza se encarregue de nós e do nosso mundo, e nos dê, a nós e a ele, um destino justo e apropriado, como faz com as estradas por entre a selva, os terrenos baldios e as velhas casas abandonadas.

Luciano Machado

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