O inferno de Dante

Em todas as épocas nos deparamos com pessoas com quem convivemos, ou de quem somos apenas conhecidos, conterrâneos ou concidadãos, que se comprazem no ataque pessoal, na intriga e na maledicência.
Essas pessoas não sabem, ou talvez tenham esquecido, que toda vez que tentamos deliberadamente atingir alguém de modo positivo ou negativo com os nossos pensamentos, palavras ou atitudes, nos tornamos automaticamente afetados e responsáveis por esse ato mental, verbal ou físico.
Ademais, algumas instituições nos ensinam que devemos combater em nós mesmos três grandes inimigos, que são o ódio, o fanatismo e a ignorância.
Mas esta ou aquela forma de pensar e de agir é às vezes um arraigado modo de ser, tão difícil de extirpar da personalidade de alguém quanto um vício moral, químico ou psicológico, que geralmente não nos afeta nem temos nada a ver com isso.
Até o momento em que, por algum motivo, nos atingem com uma punhalada.
E sempre, de um modo ou de outro, somos atingidos por um destes dardos. Senão diretamente pelo rancor, pela mágoa ou inveja alheia, de forma indireta, quando tomamos as dores de alguém que foi injustamente atacado.
Para quem não sabe ou esqueceu, independente da escola a que pertença, existem alguns clássicos da literatura universal que são recomendados como livros indispensáveis por seu conteúdo a uma boa formação ideológica, comportamental, moral e filosófica.
E a Divina Comédia, de Dante, é um deles.
Dante, em sua obra-prima, resolveu catalogar vários tipos de pessoas e distribuí-las, conforme seus delitos, nos diversos círculos do inferno.
Ali entraram pessoas de diversas áreas e níveis sociais, defuntas ou ainda vivas, que foram descritas nominalmente e classificadas conforme o “pecado” que haviam cometido.
Durante o seu passeio literário e ficcional por esses labirintos subterrâneos, guiado pelo poeta Virgílio, personagem por ele escolhido como escritor para fazer o papel de seu guia e que nos apresenta como um enviado do céu por sua ex-namorada Beatriz, Dante nos vai mostrando aqui e ali, os pecadores e seus respectivos suplícios.
Tais pecadores, homens e mulheres, vão sendo exibidos em suas expiações por Virgílio a Dante, sendo explicado, caso a caso, o tipo de falta que cometeram.
E não raro identificamos ali, por similitude, pessoas que conhecemos, e acabamos concordando em que o castigo ideal que merecem é aquele mesmo.
Por isso recomendo a leitura ou a releitura da obra de Dante aos viventes em geral. De repente se identificam com alguns daqueles pecadores em seu tormento e, antes que seja tarde demais, colocam as barbas de molho.
Luciano Machado

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