Sobre a essência de liberdade

Em princípio, o conceito mais corriqueiro, simples e popular de cidadania começa pela determinação dos limites dos seres sociais. É o que se permite colher em uma leitura básica. Assim, a liberdade de um termina onde começa a de outrem. Conceito que, a priori, pode parecer vago, mas, tem como fiel o bom senso – elemento que, às vezes, falta em um ou outro – e não é desprovido de validade. Pode ser tênue, isso sim, pois para sua execução requer um nível de praticidade que avolume a perspectiva de compreensão individual desses limites e, em sua executabilidade, pressupõe que esse nível prático seja dotado de outro elemento ainda mais importante: o respeito.
Ponderações realizadas com a pertinência que o nível crítico de exigência estabelece, é possível partir para analisar alguns contextos de acontecimentos cotidianos em Sant’Ana do Livramento. No trânsito, por exemplo. Ao contrário do que seria postulável como regra individual mantida como conduta, há infelizmente duas definições representadas apenas por dois conceitos: o que tripula um veículo e é o dono da rua e os outros (nesse ‘outros’ é possível perceber pessoas que também estão em veículos, mas não têm o mesmo funesto entendimento, transeuntes, etc…) e, portanto, são ocasionadas as situações negativas, como acidentes, com e sem vítimas, gerando prejuízos diversos e ferindo a própria cidadania, pois antes do fato em si – ou seja, o acidente -, o elemento básico, lá do início é que foi destruído: o limite foi rompido.
Há a questão dos vândalos, depredadores do patrimônio público. Estes, na mesma linha, fazem questão de – para mostrar sabe-se lá o que para sabe-se lá quem (seus egos?) – destruir, danificar, arruinar, detonar tudo aquilo que, mesmo cientes de que há o uso comum, está ao dispor de outrem – e, obviamente, deles próprios. É o segmento social, talvez, que mais rompa a divisa de liberdade afiançada pelo bom senso, pois há desprovimento deste último em seus elementos.
Há os desinteressados, demonstrando desdém. Ou seja, desprezo demonstrado de forma arrogante e direcionado a pessoa ou coisa, nas mais variadas situações diárias, seja no que se refere a um vizinho ou no que tange a uma rotina. É o mesmo pouco caso que faz a ocasião do cidadão que vota e não fiscaliza o desempenho da pessoa em quem votou. E isso vale para o síndico do prédio, o presidente do clube, o sindicalista, entre outros.
Invadindo a liberdade de outrem está, também, aquele que tome comportamento que expressa indiferença ou distanciamento em relação ao que é do interesse coletivo. Pode parecer estranho, esquisito, discutível, porém, existe e tal ausência de esmero para com alguma coisa ou para com si próprio; essa negligência, acaba se manifestando como reflexo, possivelmente a partir da omissão, na não realização de determinada ação ou na incorreção com que esta ocorre.
Seriam necessários vários caracteres e uma infinidade de páginas para ilustrar outras situações cotidianas, diárias, recorrentes até.
Porém, é fundamental evidenciar que precisa ser valorizada toda e qualquer tentativa de resgate desse estado de coisas. E isso somente ocorre a partir do amadurecimento da compreensão dos conceitos simétricos que regem, na essência a sociedade. Essa regularidade se impõe como veemente para harmonizar as relações sociais, fazendo com que transcendam os níveis de tão somente tolerância, partindo para o equilíbrio ajustado.
Perceptível se torna que o círculo da vida é real, ao passo que uns não precisam tolerar os outros, devem respeitar; não devem sobrepor e sim, interagir, conviver.
E como alcançar tal empresa?
Essa é a grande interrogação que remete à necessidade do constante relembrar até a assimilação: a liberdade de um termina onde começa a de outrem.

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