Professor da Unipampa viaja ao Líbano

Entre os dias 09 e 21 de setembro, o professor da Unipampa, Cristian Wittmann, estará em Beirute, Líbano, para participar da Segunda Conferência de Estados Partes da Convenção sobre Munições Cluster. O evento, que deve receber delegações de mais de cem países e mais de 500 delegados, ocorre dentro do marco do movimento histórico de proibição das bombas cluster, que são conhecidas internacionalmente pela sua característica desumana.

Lançadas por terra ou ar, tais bombas, ao atingirem determinada altitude, acabam por dispersar uma série de submunições – que funcionam a exemplo das granadas – por uma vasta área. Por não possuírem qualquer mecanismo de distinção entre alvos militares e civis e por terem um percentual de falha alto ao não explodirem no primeiro impacto, tais submunições impõem um risco humanitário bastante amplo aos civis, durante e após os combates.

No evento serão discutidos assuntos que dizem respeito à universalização e implementação da Convenção. Hoje, ela possui 109 Estados Signatários, e deles 61 já são partes efetivas. Tal número é bastante relevante, contando que o tratado entrou em vigor em agosto de 2010. O Brasil, todavia, ainda não faz parte deste grupo de visionários países. “É inadmissível que hoje em um Estado Democrático que deve promover os direitos humanos tenhamos um governo que é totalmente favorável ao uso dessas armas desumanas”, salienta Cristian Wittmann.

Além de professor, Cristian é voluntário na organização não-governamental Coalizão Contra as Munições Cluster, e atuou em praticamente todo o processo de negociação do referido tratado, contribuindo desde o início das negociações até a assinatura dele. Desde 2004, ele atua em campanhas nacionais pela erradicação das minas terrestres e munições cluster, promovendo políticas tanto pela proibição, quanto em prol das comunidades e vítimas dos referidos armamentos.

Já tendo participado de grupos de trabalho sobre o tema, o professor Cristian resolveu estabelecer no Campus de Sant’Ana do Livramento um Grupo de Práticas em Direitos Humanos, para desenvolver atividades nos referidos temas. “É papel da universidade propiciar espaços de conexão entre a teoria e prática e, em especial, práticas que promovam o desenvolvimento dos povos”, salienta o Coordenador acadêmico, professor Luiz Lima. O grupo está com inscrições abertas aos acadêmicos dos cursos até outubro, e conta com apoio institucional.

A atuação dos acadêmicos deve estar voltada à formação de massa crítica que fomente a mudança de postura do governo brasileiro sobre o assunto. Diz ele que o Brasil tem se posicionado neste tema junto com países como Estados Unidos, Rússia, Zimbábue, dentre outros que não querem proibir o armamento. Ademais, ressalta que o Brasil hoje produz, armazena, exporta e se reserva ao direito de usar tal arma.

Na América Latina, somente Argentina, Brasil e Venezuela não assinaram o tratado, em que pese a Argentina já ter declarado uma moratória à produção. Chile, antigo produtor, já assinou o tratado e já começou a destruição dos estoques. Lamenta o professor que a política externa brasileira, no que se refere ao tema das munições cluster, tem se mantido tão aquém das expectativas.

O evento ocorre entre os dias 12 e 16 na capital Beirute, país afetado por tal armamento. Estima- -se que ao menos 23 países são contaminados por restos explosivos de munições cluster. Entre os países mais afetados, estão a República Popular Democrática do Laos e o próprio Líbano.

 

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