“Força-Tarefa”

Ouvimos falar em “Força-Tarefa” normalmente quando as coisas já chegaram a um nível extremo, sem volta e, principalmente, quando muitas pessoas já foram prejudicas, feridas ou até mesmo quando muitas vidas já foram perdidas.
O exemplo está aí. Vários clubes foram vistoriados, em uma verdadeira “Força-Tarefa”, mas somente depois que centenas de vidas foram perdidas no incêndio na boate, em Santa Maria. Forças policiais subiram o morro, no Rio de Janeiro, somente depois que os traficantes esgotaram as alternativas de ganho fácil, com o contrabando de drogas e armas, tendo como resultado a escravidão de moradores por décadas.
E nas fronteiras o sonho de forças-tarefas vêm se arrastando também há anos, e por qual motivo? Estariam, os governos, esperando uma grande tragédia para agir e derrubar as quadrilhas que agem diariamente no contrabando de drogas, armas, cigarros, remédios e outros artigos?
Estariam, os governos, aguardando um evento esportivo mundial – especialmente o Futebol, que pode movimentar o mundo?
Estariam eles esperando que as quadrilhas organizadas tomem, ainda mais, os territórios de Fronteira?
Ou, quem sabe, a sociedade em sua cota de culpabilidade também estaria aguardando em suas residências que cheguem as notícias informando tal acontecimento? Pois é claro, todos aproveitamos, afinal, para comprar um produto mais em conta, seja um maço de cigarros mais barato ou até mesmo um armamento de forma clandestina.
Ligamos o rádio, a TV ou na leitura matinal dos jornais e costumeiramente observamos passivamente o “combate ao tráfico de drogas”; o “combate à pirataria” e a possibilidade de um político qualquer perder o cargo por desvio de verba pública…
Mas onde estão as “forças-tarefas”, que não entram em cena de uma vez por todas e derrubam de forma definitiva e financeira, estas quadrilhas que perturbam e emperram o crescimento de cidades, estados e o País. Onde está o tratamento efetivo daqueles dependentes químicos que precisam de ajuda e não encontram locais adequados para a chamada desintoxicação?
Quem sabe, não queremos que tudo isso ocorra, mas sim que as notícias sejam alimentadas por fatos lamentáveis e tragédias cada vez maiores? Mas não é assim, com certeza. Ao contrário, é importante lembrar que o papel do Estado nesse contexto deve ser o de conscientizar, sensibilizar o cidadão em todos os segmentos nos quais esteja inserido, para que, de maneira participativa, se torne mais exigente e cobre do Poder Público a esperada ação para evitar isso! É verdade: o Poder Público tem a obrigação de esclarecer e conscientizar o cidadão para que ele tenha condições de cobrar do próprio Poder Público as medidas necessárias e de forma preventiva para a garantia da segurança e da qualidade de vida da população.
É uma situação ideal, ou idealista, mas necessária, na construção da sociedade. Avançar, tornar ainda mais forte o corpo social, não apenas o Poder constituído. E, ao fim, este: um Poder Público fortalecido pela força de seu corpo, de seus cidadãos.
Os mais sábios tentam passar o recado para aqueles que querem ouvir, mas não conseguem escutar ou para aqueles que querem enxergar, mas não conseguem ver: “Ideologia, eu quero uma para viver”.

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