Prioridade

Livramento vai ter que, mais cedo ou mais tarde, começar a tratar seriamente das soluções para os problemas pontuais que, é verdade, foram originados há anos ou décadas. Entre eles, as questões pertinentes aos moradores das encostas, junto aos cerros, próximos a córregos, fluxos de água, entre outros. A povoação desordenada do município ao longo das décadas, sem uma prévia análise de área e classificação de risco, coloca o presente sob avaliação. As mudanças naturais são, ao mesmo tempo, improteláveis e ocorrem a cada segundo, tanto no que se refere a fauna e flora, quanto ao aspecto topográfico da cidade, instaurada em uma região de coxilha.
Só para lembrar as características do município. Sant’Ana do Livramento é assentada sobre a Coxilha que tem seu nome. A Coxilha de Sant’Anna tem a sua origem pouco mais ou menos no Cerro Cunhatai, entre os municípios de Lavras, Bagé e Dom Pedrito, onde tem o nome de Haedo. Já com o nome de Serrilhada passa entre as pontas do Rio Santa Maria e as do Pirai Grande, tributário do Rio Negro, seguindo sempre em direção ao sudoeste até o monte do Cemitério, nas nascentes do Arroio São Luiz. A partir daí, muda a direção para noroeste e toma o nome de Coxilha de Sant’Anna e faz o limite natural do Brasil com a Republica Oriental do Uruguai; continua no mesmo rumo lançando as águas da encosta meridional para o Rio Quaraí e as da encosta setentrional para o Rio Ibicuí; lança para o Sul a ramificação chamada Paipasso, em direção a Barra do Quaraí e para o Norte, a do Japeju, que vai fenecer na barra do Ibicuí.
Em seu longo percurso, a Coxilha de Sant’Ana apresenta como pontos principais: Cerro do Itaquatia – 395 metros, Cerros dos Trindade, do Chapéu, Palomas, da Cruz – 392 metros, do Deposito, Chato e ainda os cerros Corcunda, Mingote, Taboleiro ou Florentina, Munhoz, Teixeira, Agudo, Ribeiros, Areia, Touros, Marco, Topador, Vieiras, Raio, Tabatinga, Cabritos, Arvorezinha e Caqueiro. O município possui terrenos da era Mesozóica, série triássica. Os do vale do Ibicui apresentam consideráveis massas de uma rocha ígnea. Essa rocha certamente é o basalto. Livramento é arenito e basalto, areia e pedra em toda sua conformação. Mas a pequena porção que representa o meio urbano no mapa da cidade também está assentada sobre esses elementos. Subidas e descidas, muitas delas originais e uma parcela delas surgidas após escavações em barrancos. A cidade foi crescendo e as pessoas foram povoando. Famílias foram negociando terrenos, outras não: adquiriram ou receberam seu espaço de terra e trataram de construir conforme puderam, em tempos mais difíceis, com tecnologias rudimentares. Com a modernidade, o advento de tecnologias, começaram a ampliar e reformar. Assim, florestas viraram residenciais, cercados pelo mato em alguns casos; vilas e bairros foram se formando. Pequenos planaltos foram sendo ocupados pelas moradias, com os loteamentos sendo realizados.
Ou seja, são cerros e encostas em toda a topografia do município. Aclives e declives e, entre esses, as chamadas popularmente “beiras de cerros” em pleno perímetro urbano. Nos locais mais altos desse perímetro, edificações foram construídas, nos mais baixos também. Mas, na prática, tais construções – por menores que sejam – não levaram em consideração o elemento risco.
Planejamento urbano?
A verdade é que Livramento não teve, levando-se em consideração todas essas realidades passadas, as quais consolidaram a urbe.
Claro que todas essas informações são dados secundários para ressaltar uma constatação: é preciso ter o domínio de mais detalhes, não superficiais, mas aprofundados a respeito dos locais que, pelo menos visualmente, encontram-se em situação de precariedade ambiental e, pela sua condição, propagam ameaças sobre as cabeças das pessoas, gerando inclusive de perda, em uma situação atípica, mas não descartada – de intensidade de chuvas, de que a vida, que sempre deve ser a prioridade das prioridaddes.

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