Os bons carnavais de outrora

Porto Alegre é sinônimo de tranquilidade e paz nesta terça-feira de carnaval.
As ruas estão vazias, há lugar para estacionar o carro na rua que for preciso, à hora que se quiser.
Os cinemas tem programação excelente e não há filas, pode-se escolher a poltrona no lugar preferido.
Há espaço nos restaurantes, embora nem todos estejam com as portas abertas.
O tumulto de sempre hoje foi para o litoral ou para a serra, lá é que estão os congestionamentos e os desconfortos de hábito.

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Não desgosto de carnaval, mas hoje só o vejo pela televisão, em alguns momentos de lazer.
Já gostei bem mais, quando moço.
Há poucos dias, Wilson Lermen e eu recordávamos nosso grupo carnavalesco, no Country Club, em Dom Pedrito.
Anos 60, éramos jovens.
Fazia-se o “aquecimento” quase sempre na casa dele, meu cunhado na época, e a diversão começava ali mesmo, com o burburinho das mulheres e seus últimos retoques nas fantasias, nos cabelos e na maquiagem.
Alegres, todos alimentávamos nossos sonhos e desafios, solidificando ideias e formando famílias.
Ivone, minha cunhada, as irmãs Gisele e Gigi, Ilse, Zulma e Ione, minha primeira mulher, vestiam-se em bloco e formavam um belíssimo conjunto feminino.
Germano Nunes, Clóvis Xavier e Wilson, revezavam-se na presidência do clube e na diretoria social.
O prefeito da cidade, José Coelho, e o “nego” Ignácio, irmão de Germano, completavam o time de homens que, sempre depois da meia-noite, ingressava no clube com as mulheres, em meio a pompa e muitos sorrisos.
Bons e saudáveis tempos.

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Há dois anos, com a Beth, fui rever o carnaval carioca.
Não há como não se render à magia e à grandiosidade do desfile da Marquês de Sapucaí, embora alguns exageros em carros alegóricos e as intermináveis letras dos sambas-enredo que misturam praias cariocas e caatingas habitadas por duendes, mitos e heróis.
É com certeza o maior espetáculo da terra e pretendo revê-lo, talvez já no próximo ano.
Minha primeira folia carioca foi nos anos 80, no Iate Club, uma festa inesquecível que terminou ao amanhecer.
Só não me joguei na piscina, como fez a maioria.

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No início da década de 60, quando cheguei a Porto Alegre, o carnaval tinha aqui dois grandes momentos: o baile oficial da cidade, num clube, e o desfile de blocos e tribos na Av. Borges de Medeiros.
Nem um nem outro me fascinaram e permaneci ao longo desses anos sempre afastado da folia porto-alegrense.
A capital gaúcha é bem melhor tal qual está nesta véspera da quarta-feira de cinzas: silenciosa e despoluída.
Trato de aproveitá-la o mais que posso sempre que ocorrem esses longos feriados.
Porque, quando o ano recomeçar, com milhares de novos carros e dezenas de obras por conta da Copa do Mundo, a cidade vai ficar quase indisponível.

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