“Renan Calheiros foi alvo de uma campanha de falso moralismo” José Dirceu, condenado pelo STF como chefe da quadrilha que criou o mensalão

A ÉTICA 

O Brasil decente está envergonhado com a eleição de Renan Calheiros para a presidência do Senado. Mas Renan, assim como Brutus, no discurso junto ao corpo de Júlio Cesar, é um “homem honrado”. Afinal de contas, presidir o Senado da República é tarefa para homens probos e decentes e Renan é um homem honrado para seus pares. 

Não fosse assim, como o Senado do Brasil iria suportar que acusações graves promovidas pela Procuradoria-Geral da República recaíssem sobre um senador escolhido para presidi-lo? 

José Dirceu, outro patriota vítima de “julgamento político” e condenado pela Corte Suprema de Justiça de nosso país, não poderia ter um comportamento diferente. Saiu em defesa de Renan Calheiros que, para Dirceu, foi vítima de uma campanha de falso moralismo. 

Mas foi o próprio Renan quem definiu sua posição diante da ética dos homens públicos:

“A ética não é um objetivo em si mesma. O objetivo em si mesmo é o interesse nacional. A ética é meio, e não fim.” Neste caso, Renan Calheiros redefine o conceito universal-cristão-ocidental da ética para adaptá-la ao bananão. 

Quando Filosofia era matéria curricular do curso Clássico (tinha também no mesmo nível o Científico) a gente também aprendia que a ética não era um objetivo final, mas um meio decente de se atingir metas qualificadas. Algo bem simples como “a decência é a mãe da ética.”

 Para Renan Calheiros, seu objetivo ético é o interesse nacional e a ética torna-se apenas um meio para alcançá-lo. É o que se pode chamar de “ética variante”, um valor moral que aceita a mudança dos costumes de acordo com as circunstâncias. 

O Brasil decente que se formou como nação inspirado numa “ética invariante” onde seus fundamentos poderiam ser resumidos nos dez mandamentos do cristianismo (um deles é “não roubar”) tem, agora, em Renan Calheiros, um filósofo pragmático que demonstra a sua corrente ética – a “variante” – a ser empregada na presidência do Senado, 

Para tais seguidores, a ética defendida por Renan Calheiros como meio para a conquista do interesse nacional tem tanto valor moral quanto o “rouba, mas faz”. Roubar dinheiro público supervalorizando editais para pontes, usinas, represas, rodovias – obras de interesse nacional –, em tese, coincide com “os fins justificam os meios”. 

O mensalão, por exemplo, foi uma quadrilha organizada (é o STF quem já julgou isso) que se utilizou de “dinheiro não contabilizado” por que o fim da operação era manter a governabilidade de Lula que se confundiu com “interesse nacional”. 

O Brasil decente não concorda com a simplicidade esperta de que os meios (a ética) justificam os fins em nome do interesse nacional. Qual interesse nacional? Certamente, não são os fins e os objetivos de Renan Calheiros. 

Ele já fora obrigado a renunciar à presidência do Senado por ter utilizado meios indecentes (dinheiro de uma construtora) para atingir objetivos (manter a sua amante) que nada tinham de nacional, a não a ser beleza de Mônica Veloso, conforme nos provou o bom gosto de Renan Calheiros a revista Playboy. 

NA MESMA LINHA 

Tudo o que está escrito acima sobre a “aula de ética” que Renan Calheiros passou aos brasileiros vale para o novo presidente da Câmara Henrique Alves (PMDB-RN). Este, eleito nesta segunda-feira, a respeito das críticas e das denúncias sobre sua vida pública, tentou ser soberano, ao dizer que sabia “compreender e perdoar”. 

FALANDO SÉRIO 

Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves, mesmo com a cara envergonhada da porção decente deste país, são os representantes da elite política do Brasil. Nós merecemos o Congresso Nacional que temos.

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