Usuários contestam proposta de estacionamento rotativo

Ciclovia: segundo os ciclistas à direita, na João Pessoa, há espaço suficiente para estacionamento

Projeto do vereador Ivan Garcia não é aceita entre ciclistas, que já enviaram representação à Câmara e iniciaram abaixo-assinado

Ontem pela manhã, dois representantes de um grupo composto por aproximadamente 300 ciclistas – que praticam atividades esportivas e que utilizam a ciclovia para deslocamentos diversos – estiveram na redação de A Plateia para manifestar contrariedade ao projeto do vereador Ivan Garcia (PSB), que propõe a utilização do espaço da ciclovia na avenida João Pessoa para estacionamento de forma rotativa durante o horário comercial de segunda a sábado.

Os ciclistas Juan Marcelo Lazo e Fernando Ferreira, confirmando que representam em torno de 300 adeptos da modalidade – divididos entre atletas, usuários eventuais de bicicletas e pessoas que utilizam o meio de transporte para deslocamentos na cidade -, apontaram o que consideram uma involução caso o projeto de Garcia seja aprovado.

“Essa história de que a ciclovia não tem demanda, não é usada, é discutível. Ainda não há o hábito, a cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção, mas está em fase de criação e, por isso, as alegações de que a ciclovia é pouco utilizada” – ressalta Lazo.

“Há várias situações em que os ciclistas não conseguem utilizar a ciclovia em determinados trechos por haver veículos estacionados e isso ninguém fiscaliza. É um direito tanto quanto as calçadas com marcações para as pessoas cegas e para quem tem problema de audição. É a forma que existe de deixar o trânsito caótico de Livramento mais humanizado. Claro, se não ocorrerem políticas públicas de incentivo aos meios alternativos de transporte, os veículos a motor continuarão circulando de forma cada vez mais intensificada” – afirmou Ferreira, que narrou, inclusive, já ter sido vítima de acidentes de trânsito na época em que tinha que circular de bicicleta pelas vias urbanas.

“Moro na região da rua Hector Acosta e sempre me desloco para o centro de bicicleta, deixando o carro para uso em situações muito excepcionais. Hoje, reclamamos de um trânsito de ruas completamente lotadas de veículos, confusão, acidentes e risco acentuado tanto para quem dirige, quanto para aqueles que andam a é. Temos mais de 1.76 veículo por habitante na cidade, isso é quase dois carros por pessoa. Em uma cidade que tem uma Área de Proteção Ambiental no Ibirapuitã, explora a energia limpa da eólica, será que vamos involuir, retroceder?”. O questionamento de Fernando Ferreira é complementado pelo apelo para que as pessoas pensem sobre essa ponderação.

“Nós usamos cotidianamente a ciclovia e, ainda, durante alguns dias na semana, temos grupos de passeio que partem justamente do início da ciclovia e circulam por ela” – afirma Lazo. E faz outro questionamento: “Vale mais a vida humana ou o estacionamento?”. 

Comércios 

Os dois ciclistas confirmam que já estão providenciando um abaixo assinado – que, conforme eles, deverá reunir um número bem superior de assinaturas de usuários, a fim de resguardar o direito de uso da ciclovia, que precisa ter mais sinalização. “Os comerciantes estão em seu direito de reclamar, como cidadãos, mas não olharam para as calçadas de seu lado, segundo entendemos, pois notadamente passamos pela João Pessoa e há caminhões, um, dois, três, parados, estacionados ao longo daquele lado, oposto à ciclovia” – registra Ferreira. Ele salienta que antes de pensar em eliminar a ciclovia, seria plausível retirar os veículos que ficam parados todo o dia, diariamente, no lado direito da João Pessoa (no sentido centro –bairro), junto aos comércios. “Aí, haveria local para estacionamento. Basta que sejam usadas as ruas laterais. Além disso, fixar horários de carga e descargas, além de retirar a quantidade de carcaças de veículos e outros elementos que constituem obstáculos nas calçadas, prejudicando, inclusive, pedestres” – ponderou Ferreira. 

Ciclovias 

De acordo com os ciclistas, é plausível um convívio harmônico entre todos os meios de transporte e entre os cidadãos, comerciantes, usuários das vias e pedestres, desde que não haja desrespeito. “Nunca houve uma campanha incentivando o uso da bicicleta, logo, o tráfego na ciclovia não é acentuado. Em um momento em que Porto Alegre está construindo aquela que será a maior ciclovia do mundo, em que Bagé já tem a sua, Livramento parece querer ir na contramão, o que nós, cidadãos, não podemos permitir” – ponderou Lazo. A sugestão dos representantes do grupo é para que seja ampliada a ciclovia até conseguir realizar uma rota específica que poderia passar pela Estação Férrea, retornando pela praça General Osório, fazendo uma volta na cidade, até chegar ao parque Internacional. “É possível pensar até em um uso turístico para essa possibilidade. Conhecer a cidade pedalando…” – exemplifica. 

Contato 

Dois representantes do grupo estiveram, ontem pela manhã, em contato com o presidente da Câmara de Vereadores Dagberto Reis, com a finalidade de expor a opinião dos grupos organizados de ciclistas da Fronteira sobre o investimento realizado com recursos do Ministério das Cidades na avenida João Pessoa, que tipifica de forma bem clara: “Asfaltamento contendo ciclofaixa, construção de calçadas na avenida João Pessoa no valor global de R$ 965.978,26”. “Isso é dinheiro público que foi aplicado em benefício da comunidade, visando promover a saúde, a atividade física, a facilidade de deslocamento” – ressaltou Ferreira.

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