Dano irreparável

A comoção toma conta do Estado gaúcho e do Brasil. Notícia internacional, o incêndio na boate Kiss, de Santa Maria, trouxe a tristeza para o domingo, 27 de janeiro. Na prática, não há mais o que fazer, exceto promover as medidas que a contingência exige. Em meio ao desespero de familiares, emoção de todo e qualquer cidadão, trabalho intenso das autoridades públicas constituídas, o clima funesto trazido pela morte de jovens universitários e outras pessoas que estavam no interior do recinto festivo, implica em pranto.

A busca por informações, em meio a uma tragédia dessas proporções, faz do desencontro a certeza, da dúvida a convicção. Infelizmente, é assim. Mas o único combate que pode ser dado a essas circunstâncias é buscar, de forma séria e responsável, discernir o que é fato e o que não é.

Os santanenses, a exemplo de todos os gaúchos e brasileiros, buscaram, ao longo da manhã de domingo, informações precisas, factuais. Da mesma forma cidadãos de outros municípios. A cidade universitária é um centro de referência de jovens do interior que buscam graduação e iniciam suas vidas profissionais.

Os veículos de comunicação, seja a TV ou o rádio, os portais eletrônicos e as redes sociais da internet, com repórteres experientes e inexperientes, buscaram fazer o melhor, não escondendo o nervosismo, a preocupação e o impacto que o fato estabeleceu.

Afinal, pressupõe-se que prevaleça a humanidade que está dentro, por vezes escondida, de cada um. Manifesta nas feições e, em muitos casos, nas palavras que custam a sair e, sobretudo, nas lágrimas que insistem em rolar dos olhos.

RCC FM e A Plateia, assim como prefeitura municipal, não poderiam fazer diferentemente, quando há referência de que muitos santanenses estudam na UFSM e, por isso, residem, trabalham e procuram usar os meios de diversão da cidade universitária. Foi com esse intuito, buscar atualizar informações sobre os santanenses, porém, sem desconsiderar o panorama geral, que as equipes de reportagem foram mobilizadas às 8h de domingo, permanecendo, durante todo o dia, na busca por detalhes, nomes, confirmações, dados, indicativos a respeito da presença santanense na boate Kiss.

Não era o momento de analisar causas, isso cabe à perícia, porém, o episódio serve como alerta – no desejo de que situações semelhantes não mais ocorram – a respeito de elementos como segurança, atitude, treinamento, fiscalização pública de preparo e procedimentos adequados. Não cabe dizer que fica a lição. Não, o elemento que permanece é a dor. Mas, cumpre promover o amplo alerta de que casas noturnas que não estão rigorosamente adequadas, não podem operar. Isso em Santa Maria, aqui em Livramento, ou em qualquer parte do País. E do mundo.

Por último, é preciso reconhecer de público, o voluntarismo. Pessoas de várias partes do Estado, inclusive de Sant’Ana do Livramento, residentes e não residentes em Santa Maria, atuantes na área acadêmica ligada à saúde (médicos, técnicos, auxiliares, enfermeiros, socorristas, psicólogos, psiquiatras, etc…), dispuseram suas horas para ajudar. Essa solidariedade é sempre bem vinda, porém, todos esperam que ela não seja necessária, no fundo. Voluntários, em número superior a 2.000, atuaram durante todo o domingo, fazendo esforço concentrado para as tarefas que, infelizmente, são necessárias: triar, identificar, atender, consolar, socorrer, etc.

Os atos legais terão seu tempo a partir do momento em que os procedimentos de identificação, sepultamento e, no caso dos feridos, tratamento, sejam efetivamente providenciados. Afinal, em primeiro, a vida. As medidas exigíveis deverão ser tomadas exemplarmente. A falta de responsabilidade deve, de fato, receber o tratamento adequado. Em qualquer instância e abrangendo quem quer que seja.

O domingo, 27 de janeiro, ficará na história. Não da forma desejada. Não da forma como poderia. De um colorado “flauteando” um gremista ou vice-versa. De um dia na piscina. Da ressaca de uma boa noite de festa.

A data já está na história. Não apenas do Rio Grande ou do Brasil.

Como um pranto pelos que partiram.

Como uma força de torcida para os feridos. Que se recuperem!

Como uma vontade de que situações do gênero jamais ocorram novamente.

Dizem alguns que não há dano irreparável.

É uma inverdade.

Está, mais uma vez constatado.

 

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