Alerta o tempo todo

O carnaval se aproxima – mesmo que o carnaval de rua não seja realizado neste ano em Livramento, há os bailes, tablados em Rivera, eventos na Sarandi e por aí vai. Desde já, o famoso “esquentar dos tamborins” cria um clima propício ao ficar, como dizem os adolescentes, a se divertir, e, com naturalidade o sexo surge como um fator inerente inegável, junto com a necessidade de um mínimo espírito de responsabilidade.
Brincar com consciência, controlar o consumo de bebidas alcoólicas, evitar uma série de usos e costumes dos quais todos já estão cansados de ouvir falar é de suma importância para que o saldo das festas não seja negativo. Preservativo é até mais necessário do que confete e serpentina. Afinal de contas, uma Doença Sexualmente Transmissível (DST), Aids, ou gravidez indesejada podem ser o saldo de um carnaval, algo que não cabe para aqueles que desejam fazer muitos carnavais no futuro.
A comunidade que vive e convive com adolescentes não consegue deixar de perceber uma realidade que assusta e que já começa a preocupar até mesmo o Ministério da Saúde: os jovens de hoje não se importam com o preservativo ou os métodos contraceptivos. O sexo está muito acessível, como jamais foi, e cada vez mais jovens praticam comportamentos de risco. Quem tem mais de 25 anos pode estar no caminho da consciência e concordar com este texto, mas tem muito garoto e garota lendo esta linha e rindo.
“Camisinha pra quê?”, dizem eles, “Não vai acontecer comigo, eu não conheço ninguém com Aids”. E por que isso ocorre? Porque os jovens, muitas vezes bem instruídos e com todas as informações sobre Aids, arriscam-se em uma noite, por alguns minutos. Não recordam, naquele momento de bobeira – para usar a linguagem coloquial – que sua saúde pode ficar comprometida pelo resto da vida?
Os adolescentes de hoje não passaram pelo terror que foi a Aids nos anos 80. Gente emagrecendo, morrendo cadavérica, com câncer na pele – eles não sabem o perigo que correm.
Com a evolução do tratamento, a Aids deixou de ser uma doença fatal em 100% dos casos, para se tornar uma doença controlável, mas crônica. Isso não significa que a Aids não apresenta mais riscos. Nada a ver! – para usar uma gíria da atualidade. Uma doença crônica requer uso remédios para o resto da vida, todos os dias, afim de mantê-la sob controle. Compensa, por alguns minutos de excitação?
Negligenciar a discussão sobre sexo nessa época do ano seria como permitir que continuasse a ignorância de achar que “relação sexual só acontece entre fevereiro e março”. É verdade que as pessoas se contaminam a todo momento, durante todo o ano e não apenas durante as festas, mas há indicativos de que o período de festas possibilita que ocorram situações mais efetivas. Segundo estudo realizado por uma equipe de profissionais de várias universidades brasileiras do centro do país – porém, não tão abrangente quanto seria necessário, o Carnaval está associado a um aumento no número de casos de doenças sexualmente transmissíveis ou dos índices de gravidez.
Com base nos dados do Sistema Único de Saúde (SUS) de 2011, os estudos apontam que o pico no número de partos ocorre em setembro e outubro, ou seja, se considerarmos uma gestação de nove meses, a maioria dos bebês teria sido gerada em fevereiro ou março.

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