Um texto canino

O melhor amigo do homem. Esse rótulo, em Sant’Ana do Livramento, parece não servir, pois a recíproca não é verdadeira. É impressionante o número de cães, cadelas e cuscos em todos os pontos da cidade. Não precisa ser no bairro “X” ou na vila “Y”, não! Pode ser no centro da cidade, em pleno coração da Fronteira, junto ao parque Internacional. É visível que o número canino está em aumento constante.
Ao que se saiba, não existem dados estatísticos que possam medir o número de cachorros e cadelas, um para quatro mil habitantes, um para tantos cidadãos. Não há. O que existe, entretanto, é que saltam aos olhos três aspectos essenciais.
O primeiro: em sua significativa maioria não há responsabilidade de parte dos donos em cuidar, alimentar, manter em sua propriedade os animais.
Segundo: não há quem possa tomar conta dos cães soltos e dos cachorros de rua, pois a Associação Protetora de Animais não dispõe de condições financeiras, nem espaço, nem acomodações para tantos guaipecas.
E terceiro: o setor público nada pode fazer, pois, igualmente, não tem para onde levar esses animais.
O problema vem sendo motivo de alertas constantes, com o adendo de que se trata de um problema da coletividade, não deste ou daquele. Mais do que sair latindo atrás de automóveis, motos, carroças, fazer sujeira bagunçando o lixo atrás de comida ou mesmo gerando proliferação de doenças, há algo preponderante. É, no mínimo, crueldade contra os animais o que a irresponsabilidade permite que ocorra com esse dito amigo.
É a legítima cachorrada. Do ser humano contra os cães.
O Canis lupus familiaris é um mamífero canídeo e talvez o mais antigo animal domesticado pelo ser humano. Teorias postulam que surgiu da domesticação do lobo cinzento asiático pelos povos daquele continente, há cerca de 100.000 anos.
O cão é um animal social que na maioria das vezes aceita o seu dono como o “chefe da matilha” e possui várias características que o tornam de grande utilidade para o ser humano, possui excelente olfato e audição, é bom caçador e corredor vigoroso, é atualmente omnívoro, é inteligente, relativamente dócil e obediente ao ser humano, com boa capacidade de aprendizagem. Desse modo, pode ser adestrado para executar grande número de tarefas úteis ao homem, como cão de caça; pastorear rebanhos; como cão de guarda para vigiar propriedades ou proteger pessoas; farejar diversas coisas; resgatar afogados ou soterrados; guiar cegos; puxar pequenos trenós e como cão de companhia. Estes são alguns dos motivos da famosa frase: “O cão é o melhor amigo do homem”.
Interessante lembrar que a Vigilância Sanitária municipal chegou a ensaiar uma ação em torno da posse responsável, porém, pouco se viu de resultados, pois não foi assimilada pela população e, aí, não há muito o que fazer.
É fácil. Facílimo dizer: “mata ou capa”.
Difícil é o ser humano. Ser humano, animal, para com o animal que não pede absolutamente nada em troca do carinho que oferece, da fidelidade que confia.
Não se tem conhecimento de uma amizade tão forte e duradoura entre espécies distintas quanto a do humano e do cão. Portanto, que fique evidenciado aqui, mais do que um protesto, a necessidade de que os vira latas humanos que entendem como solução matar, capar ou maltratar os cães, saibam que existem legislações claras em torno da proteção dos animais.
Nunca é tarde para mudar o pensamento, atualizando conceitos.
Nunca é tarde para externalizar o sentimento que cada um traz em seu mais íntimo e profundo recanto do existir.
Nunca é tarde para ser humano.
Pois, cachorro – no sentido pejorativo que muita gente usa –, de verdade, é quem não entende assim.
Agora, cachorro – no sentido positivo – é e sempre será símbolo de amizade e fidelidade.

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