Comunidade Terapêutica atende dependentes químicos e moradores de rua gratuitamente

Administrada por grupo evangélico, entidade realiza trabalho totalmente voluntário

Mauricio de Oliveira contando o dia a dia da comunidade terapêutica ao vereador Nilo Coelho

Embora muitos não conheçam, a Associação Jovem Renascer (AJORE), localizada nos Cerros Verdes, trabalha incessantemente para recuperar aqueles que foram atingidos pelo mal que repercute tanto na família, quanto na sociedade: a drogadição.

Mauricio mostra os dormitórios onde vivem os jovens que estão em tratamento

Existindo há dois anos, a AJORE é administrada pelo Grupo de Igrejas Evangélicas de Sant’Ana do Livramento e atua como Comunidade Terapêutica com o intuito de ajudar os atendidos a abandonarem a dependência química. O vereador Carlos Nilo, do PP, que integra a Comissão de Saúde, Assistência e Cidadania da Câmara de Vereadores, foi convidado pelo coordenador da AJORE, Mauricio de Oliveira, para conhecer a entidade e os projetos lá desenvolvidos.

Nilo mostrou-se otimista com o trabalho desenvolvido, pois, segundo ele, “quando se fala em uso de drogas, as pessoas demonstram medo e preconceito, algo de que se deseja distância, pois culpa, angústia e desespero são sentimentos de muitas famílias que convivem com o usuário de drogas”. Na opinião dele, muitos pais protegem os filhos para que não entrem em contato com tais substâncias, porém esquecem que na maioria das vezes é na própria família que as crianças efetuam seu primeiro contato com elas. “Geralmente, os jovens iniciam suas experiências com as drogas consideradas lícitas, como o álcool e o tabaco, em seus ambientes familiares. Após, podem recorrer às ilícitas para aumentar o seu prazer, procurar outras emoções ou fugir de seus problemas, sendo os inalantes e a maconha as drogas mais consumidas nesta fase, e é por isso que existe a necessidade de preparar a família, a sociedade, na ótica da Comunidade Terapêutica, que trabalha pensando no drama da drogadição da sociedade e seus reflexos na produtividade humana, nos quesitos das emoções, do inconsciente e na cognição humana”, analisou Nilo.

A instituição recebe dependentes químicos da cidade e região, como Rosário do Sul, São Gabriel, entre outras. 

Um jovem, uma história, uma missão 

O coordenador da comunidade terapêutica, Mauricio de Oliveira

O Coordenador da Associação Jovem Renascer, Mauricio Oliveira, 28 anos, é natural de Passo Fundo-RS, e demonstra na sua obstinação pela criação e funcionamento da AJORE a reconciliação com sua história de vida. “A minha vinda para Livramento teve um propósito, um sonho”, conta ele. Mauricio foi dependente químico, morador de rua, onde catava seu alimento no lixo, como é o caso da maioria das pessoas nesse contexto. Conseguiu superar e, agora, quer ajudar outros jovens a abandonar a dependência química. “Morador de rua e dependência química caminham juntos”, afirma Mauricio, que alerta sobre a necessidade de atacar as duas frentes como forma de minimizar o quadro atual, que é muito preocupante. A sua participação no programa JOCUM (Jovens com uma Missão), que o levou a percorrer várias cidades do Brasil e do no exterior, proporcionou a ele adquirir conhecimentos que ele quer utilizar em Livramento. “O apoio da sociedade é importante porque é um problema social que atinge a família, principal pilar da sociedade”, enfatiza Mauricio, que tem procurado levar a missão da entidade aos mais diversos grupos. “Sei do vínculo do Nilo com as ONG’s que atuam nas atividades sociais e de saúde, e essa é razão de tê-lo convidado para conhecer nosso trabalho”, salientou o Coordenador da AJORE, que ainda depende de uma estrutura mais ampla para, assim, aumentar o número de atendidos.

 ENTREVISTA

A Plateia: Quais são as atividades realizadas na entidade?
Mauricio: As atividades internas ocupam os atendidos pela manhã com Estudo Bíblico e Laborteraria – sistema de trabalho utilizado como terapia junto ao grupo. À tarde, o trabalho com o grupo é baseado nos 12 passos do AA (Alcoólicos Anônimos). Aos sábados, a reunião é com a família, visando integrá-las ao processo e prepará-las para conviver com o dependente químico e auxiliar na sua recuperação.

A Plateia: Quantas pessoas são atendidas na comunidade atualmente?
Mauricio: São atendidas cerca de 15 pessoas, de modo voluntário, no prazo de um ano, período que dura o tratamento.

A Plateia: Quantas pessoas se recuperam totalmente da dependência química?
Mauricio: Em cada dez atendidos, três completam o tratamento, o que julgamos ser uma estatística favorável.

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